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ilva Mello, um dos maiores médicos do século XX, argumentava
que qualquer processo de mastigação que exija trabalho de grande intensidade
constitui, no que diz respeito à saúde bucal – e, portanto, à saúde integral,
pois não é senão a boca um resumo de todo o
organismo humano –, constitui a mastigação, dizíamos, o fator mais importante,
“pois o dente, como vimos, deve ser, antes de tudo, um produto direto da
própria mastigação.”
O médico
brasileiro cita o trabalho de J. D. King sobre os efeitos da mastigação:
“Primeiramente, King estudou a questão no
furão (Rutatorius furo), que se torna
vítima da formação de tártaros e outros processos de parodeontose, quando não
tem à disposição alimentos duros para mastigar, tais como ossos, tendões,
cartilagens, etc. Dando-lhes, porém, quaisquer desses alimentos, tais processos
de degeneração são evitados, ou corrigidos quando já existentes.”
Silva Mello
ainda nos remete às memórias de A. von Haller:
“A. von
Haller conta que na sua excursão pela África, indo da Nigéria para o Congo
Francês, teve como empregado um rapaz de 17 anos, sadio, bem proporcionado de
corpo, ao qual, numa refeição, deu um pedaço de carne cozida, dizendo-lhe que o
resto era para os cachorros. Mas Haller admirou-se, vendo-o atirar quase toda a
carne para os animais, guardando para si apenas a parte com osso, que se pôs a
triturar com satisfação. O viajante avisou-o de que poderia quebrar assim os
dentes, ao que respondeu, sorrindo, que, como os cachorros, sabia o que era
bom. Mais tarde, quando deram em honra desse hóspede civilizado, raro naquelas
regiões, uma festa com a assistência de mais de duas mil pessoas, não viu ele,
por todos os lados, senão dentaduras brancas, perfeitas, esplêndidas, que
sobressaíam pelo riso na fisionomia dos negros.”
Em um seu artigo
intitulado Sobre a possibilidade de
melhoria dos dentes pelo emprego de uma alimentação mais natural, ensina Silva
Mello:
“...a mastigação atua como um excitante da produção da
dentina, que se vai formando à medida que a erosão se processa, protegendo
assim a superfície livre da coroa. O processo é tão poderoso que Price dele
conseguiu tirar partido, fazendo a cárie retroceder graças à formação de
dentina nas lesões já existentes. Isso por meio de uma alimentação rica de sais
e vitaminas e que exigia mastigação intensa, habitual nos povos primitivos.”
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