sexta-feira, 29 de julho de 2016

10% HUMANOS

10% HUMANOs
COMO OS MICRO-ORGANISMOS SÃO A CHAVE PARA A SAÚDE DO CORPO E DA MENTE


Há muito mais coisas em seu corpo do que você poderia imaginar. Cerca de 100 trilhões delas, para ser mais exato.
Para cada célula humana em nosso organismo, há outras nove impostoras, pegando carona. Você não é formado apenas de carne e osso, sangue e músculo, mas também de bactérias e fungos. Não é um indivíduo, mas uma colônia – um ecossistema. Somos apenas 10% humanos.
Até pouco tempo atrás, os micróbios eram vistos como invasores, inimigos, parasitas. Estávamos decididos a exterminá-los. Mas a ciência vem revelando uma história bem diferente: os micro-organismos comandam nosso corpo e evoluíram numa relação de estreita simbiose com os humanos – e é impossível ser saudável sem eles.

Antes considerados indesejáveis, intrusos maléficos e causadores de doenças e inflamações fatais, os micróbios estão pouco a pouco melhorando sua reputação. As mais novas pesquisas científicas vêm demonstrando de forma sistemática que nosso relacionamento simbiótico com as bactérias e outros micro-organismos é essencial para a saúde e o bem-estar.
Em meados do século passado, testemunhamos uma verdadeira revolução no campo da saúde pública. Finalmente vencemos a guerra contra os patógenos – os micróbios causadores das doenças que mais mataram gente em outras épocas: a pneumonia, o cólera, a varíola, a tuberculose... Mas essa vitória cobrou um preço alto: nunca tivemos tantos casos de autismo, doenças autoimunes e obesidade.
As últimas pesquisas científicas mostram de que forma os micróbios que habitam o corpo determinam nosso peso, o funcionamento de nosso sistema imunológico e até mesmo nossa saúde mental.
Além disso, mostram como as doenças modernas – obesidade, autismo, transtornos mentais, problemas intestinais, alergias e doenças autoimunes – teriam uma causa comum: o fato de não estarmos cultivando uma boa relação com nossa colônia pessoal de micro-organismos.
Esta nova perspectiva traz uma boa notícia: ao contrário de nossas células humanas, nossa colônia microbiana pode ser alterada para melhor.



O Microbioma Humano


O Microbioma Humano
                                                                                                                                                                  Denise Carreiro



O microbioma humano, embora não seja uma estrutura distinta na sua forma, como um coração ou um fígado, é um sistema que - assim como o sistema imunológico, que conta com células de defesa em todo o organismo - está presente em todo o corpo humano. 

Os seres humanos hospedam um superorganismo composto por inúmeros grupos de bactérias que trabalham na saúde e na doença, em simbiose com as nossas células e com o meio ambiente. Para cada célula do corpo existem dez bactérias. 
Conhecidos há vários séculos, estes micro-organismos foram primeiramente reconhecidos como invasores, que deveriam ser evitados e eliminados. A partir deste conceito, os alimentos passaram por processos que os eliminavam, e a medicina direcionou seus esforços em pesquisas para criar drogas cada vez mais agressivas para eliminação das bactérias, mesmo que para isso as boas bactérias também sucumbissem.

Sem dúvida alguma, em um período onde as doenças infecciosas respondiam por grande parte das mortes, a adoção de drogas antibióticas representou um avanço considerável para preservação da espécie humana.

Entretanto deixamos de dar a devida importância às funções e interações que este microbioma exerce para mantermos um estado de saúde adequado utilizando nossas defesas naturais que nos protegem das doenças. 

Acho a denominação microbioma humano muito adequada, pois, de uma forma análoga, o nosso o planeta também sofreu profundas degradações devido a decisões erradas sobre assuntos que ainda não estavam completamente compreendidos pela ciência. A revolução industrial permitiu que houvesse uma devastação generalizada dos nossos recursos naturais, cujos efeitos só hoje podemos avaliar. Em paralelo, nosso organismo também tem sofrido agressões que se manifestam em números epidêmicos de doenças crônicas não transmissíveis. 

Assim como os problemas ambientais, estas doenças têm desafiado a ciência para que haja um resgate e um reconhecimento maior dos fundamentos que fazem nosso organismo se manter em harmonia e com a saúde. Assim como a natureza, nosso organismo não sofreu modificações, o que mudou foi a forma como ele está sendo tratado, e a alimentação tem sido o principal vetor destas mudanças.


A preservação e sustentabilidade deste microbioma dependem da forma como tratamos nosso corpo. Quanto mais conhecermos este universo que trabalha dentro de nós, maior teremos cuidado em preservá-lo. Esperamos que no futuro exista um maior reconhecimento dos danos que a nossa matriz alimentar está provocando neste sistema; e que os tratamentos sejam menos agressivos e supressores, mais moduladores e reconstrutores, pois só assim poderemos recuperar o controle da nossa saúde.