domingo, 29 de março de 2015

Evangelho Essênio da Paz

Começastes a comer? Então os anjos do ar e os anjos da água convergem para vós. Respirai longa e profundamente, e os anjos do ar abençoarão o vosso repasto. Mastigai muito bem o vosso repasto, a ponto de converter-se ele em água, e os anjos da água converterão essa água em vosso sangue. E comei calmamente, como se quisésseis encaminhar uma prece ao Senhor. Pois eu vos digo: o poder de Deus entra em vós se sentardes à mesa e assim procederdes.


Essas simples mas profundas palavras, atribuídas a Jesus Cristo, foram publicadas pela primeira vez por Edmond Szekely em 1928. Szekely deparou-as num antigo texto aramaico descoberto por ele nos arquivos secretos do Vaticano em Roma. O texto impresso ganhou o título de O Evangelho Essênio da Paz.

Mastigação: o bem-estar físico


 Mastigação: o bem-estar físico
Dean Cooling



N
o opúsculo You are how you eat, lembra-nos Lino Stanchich que os animais mais resistentes do planeta – o boi, o touro, o elefante e o búfalo – são vegetarianos que mastigam muito bem seu alimento. Lino também, num dos momentos mais interessantes do impresso, participa-nos como a mastigação – esta prática intensificadora da vida – tornou-se o seu tema predileto.

Em 1943, seu pai, feito prisioneiro na Grécia, fora transferido para um campo de concentração na Alemanha. Era o campo contíguo a uma fábrica, onde os prisioneiros se viam forçados a realizar duras tarefas diariamente. Os invernos eram congelantes, enquanto escassas eram as roupas e a alimentação. Condições tão extremas forçaram o pai de Lino, Antonio, a desenvolver uma prática poderosa de mastigação.

A maioria dos prisioneiros tinha por ridícula a disciplina de Antonio de mastigar cada bocado de 100 a 200 vezes. Estava Antonio, porém, convicto de que o mastigar diligente o energizava e aquecia. Ele conseguiu convencer dois companheiros a participar de suas “sessões de mastigação”. Em 1945, quando os aliados chegaram ao campo de concentração, dos 32 prisioneiros do alojamento de Antonio somente três estavam vivos – o próprio Antonio e os dois que com ele praticavam a mastigação cuidadosa.

Instalada a paz, pai e filho se reencontraram, e Antonio narrou sua experiência a Lino: “Se estiveres fraco, com frio ou doente, mastiga cada bocado 150 vezes ou mais.” O conselho paterno ajudou o filho a enfrentar uma situação similar. Em 1949, quando tentava fugir da Iugoslávia, Lino foi capturado e condenado a dois anos de trabalhos forçados. Ele recorreu à técnica de mastigação de seu pai, a qual, além de lhe propiciar energia para sobreviver às condições adversas, infundiu-lhe coragem e confiança.

Também o pai da macrobiótica, George Ohsawa, atribui à mastigação o milagre e ter saído vivo dos cárceres do Japão durante a Segunda Grande Guerra. Dinamizando o alimento por meio da mastigação, Ohsawa foi capaz de extrair o máximo da deplorável ração oferecida pela prisão em que cumpria pena por suas atividades pacifistas durante o conflito mundial.

Mastigação: fábrica de enzimas

Em seu brilhante livro Chewing made easy, o veterano educador macrobiótico Alex Jack enumera os vários benefícios da boa mastigação. As glândulas parótidas, localizadas abaixo de cada orelha, quando estimuladas pela mastigação, liberam ptialina, enzima solúvel em água. Também conhecida como amilase, a ptialina alcaliniza, mineraliza e energiza os alimentos. Ela também contribui para a correta digestão dos carboidratos complexos, especialmente os cereais integrais.

A enzima ptialina ativa o sistema endócrino. Ela estimula as amídalas, e estas, por sua vez, estimulam o timo a produzir as importantíssimas células T, conhecidas por nos protegerem contra o câncer e por aumentarem nossa imunidade a toda sorte de doenças.

Outra enzima produzida pelas glândulas parótidas é a parotina*, a qual ativa o metabolismo celular e contribui para a regeneração dos órgãos e tecidos. Uma boa razão para mastigar bem é que tal prática maximiza nosso poder de cura.

A mastigação correta, diz-nos Alex Jack, reveste o alimento com uma saliva rica em enzimas. Este líquido valioso protege-nos contra vírus, bactérias e outros micro-organismos potencialmente danosos, bem como contra produtos químicos, radiações e toxinas encontradas nos alimentos. A saliva contém propriedades antivirais e antibactericidas que eliminam o estafilococo, o estreptococo, o HIV e outros micróbios extremamente perigosos. Os animais instintivamente conhecem as propriedades curativas da saliva, e lambem a si próprios quando feridos.

Mastigação e sistema circulatório

Por último, mas não menos importante, mastigar estimula o sistema circulatório. A mastigação atrai mais sangue para os músculos e o distribui por todo o corpo.

Daí o pai de Lino sentir-se mais aquecido quanto mais mastigava.

*Yosoji Ito. Parotin:  a salivary  gland hormone.





Como devemos mastigar

Como devemos mastigar
Tomio Kikuchi



É preciso reconhecer a importância da mastigação. A mastigação é o único movimento fisiológico do organismo humano que funciona através da autoconsciência e do controle voluntário. É a única atividade que pode ser regulada pela vontade própria. Depois de engolir o bolo alimentar, não podemos exercer nenhuma vontade sobre ele. Alguém pode pensar: “Eu esqueci de mastigar e engoli; então vou mastigar no estômago.” Mas será que isso é possível? Não podemos movimentar o estômago pela nossa própria vontade. Mesmo forçando, não conseguiremos. O controle mental não chega até ao estômago, ao intestino ou ao coração. Imaginemos se o coração dissesse: “Ah! hoje eu vou descansar um pouco, pois estou muito cansado!” O único movimento fisiológico que a nossa vontade pode controlar é a mastigação! Quando se perde essa oportunidade, tudo o mais está perdido. Logo depois de iniciada a deglutição dos alimentos, já não funciona o controle voluntário, o controle sobre o alimento se perde.

A alimentação mercantilista, oferecendo mais facilidade para engolir, faz com que nossa condição física se atrofie cada vez mais. Essa alimentação impede também a movimentação dos dentes, destruindo-os pela imobilidade e consequente diminuição do fluxo sanguíneo. Isso acarreta o enfraquecimento de todas as outras expressões do nosso corpo.

Para que se obtenha o resultado desejado com a mastigação, é necessário observar a relação entre o volume de alimento na boca e o tempo exigido para bem triturá-lo e insalivá-lo. O volume ideal de cada bocado é aproximadamente de 8,5g a 9,5g de arroz cozido, para as pessoas adultas, o que equivale a mais ou menos 130 a 150 grãos de arroz cozido. Já a velocidade ideal da mastigação é de 120 a 160 movimentos por minuto. Esse é o padrão. Cada um pode treinar, utilizando-se de um relógio. Dessa maneira, poderemos descobrir a velocidade de mastigação necessária. Por isso, não adianta mastigar exageradamente durante um longo tempo, gastando-se para isso mais de uma ou duas horas. É indispensável obedecer à ordem da velocidade da mastigação. Às vezes, quando perguntamos a uma pessoa se ela mastiga bem, ela responde que sim. Mas, quando observamos, constatamos que sua mastigação é exageradamente lenta, não obedecendo à ordem da velocidade.

No Japão, a maneira usada para determinar o preço de um cavalo era a verificação de estado de seus dentes e de seu esterco. Todos os mercadores e potreiros podiam avaliar a resistência, a longevidade, a digestão, a absorção, a renovação sanguínea e a saúde geral dos cavalos através da verificação dos seus dentes e do seu esterco. De fato, essa forma de avaliação funciona muito bem. Por quê? Certamente porque a condição fundamental da saúde é determinada pelo estado geral dos dentes, que, por sua vez, determinam a capacidade da mastigação, da digestão, da absorção, da renovação sanguínea e de outras funções orgânicas.

A importância da mastigação não reside apenas na movimentação da mandíbula. O papel mais importante da mastigação é a insalivação dos alimentos.


As pessoas também podem ser avaliadas pela verificação dos seus dentes e pelo estado de suas fezes.