domingo, 29 de novembro de 2015

Angelina Jolie e a neurose médica



A
 mutilação de Angelina Jolie - que, ao amputar os próprios seios colocando próteses em seu lugar, acredita ter reduzido as chances hereditárias do câncer - é o resultado de um tipo de mentalidade paranoica comum em celebridades. Mas, por trás dessa aparente extravagância, está a evolução de um longo processo que atinge grande parte da população por meio da construção de um ideal de saúde desconexo da realidade.
Geralmente é o lado emotivo que fala mais alto, quando alguém, por ter perdido um ente querido por causa do câncer, louva Angelina Jolie como heroína da luta contra a doença. As defesas acaloradas são fruto da mesma paranoia que motivou a atriz em seu ato mutilante e aparentemente inspirador também para outras celebridades.
Nas redes sociais, veem-se muitos que a atacam e a elogiam pelo ato, mas ambos centram-se na suposta inevitabilidade da doença hereditária. Mas este aspecto obstrui a visão do que está por trás do ato paranoico, e que diz muito mais sobre como as pessoas perderam a capacidade emocional de lidar com a possibilidade do adoecimento. Nada disso é novidade para quem leu ‘Nemesis Médica’, de Ivan Illich, que mostra o progressivo pânico gerado a partir da institucionalização da medicina.
Ivan Illich já dizia nos anos 1970 que a medicina institucionalizada era uma grande ameaça à saúde. O termo iatrogenia - que designa o estado de doença ou complicação causado pelo tratamento médico – tem sua origem na obra de Illich. Segundo ele, a iatrogenia pode se manifestar de três formas, as quais surgem simultaneamente na sociedade atual e decorrem uma da outra quase que inevitavelmente.
A primeira é a iatrogenia clínica, causada pelo (des)cuidado médico, pela falta de segurança no uso de equipamento cirúrgico ou determinada tecnologia, pelo uso ou abuso de drogas médicas. É, em suma, o famoso erro médico ou de diagnóstico. Em segundo lugar, há a iatrogenia social, decorrente da crescente dependência da população em relação ao uso de drogas que amenizam o sofrimento. Trata-se do papel do doente como ser passivo que aguarda as soluções mágicas do medicamento, enquanto o médico salvador trará a tão sonhada cura. A dependência, neste aspecto, é a da autoridade médica, que não deixa de ser uma extensão da autoridade científica. Este fenômeno real e que afeta inevitavelmente quase todo mundo, produz, por sua vez, um terceiro aspecto da iatrogenia: a iatrogenia cultural.
A iatrogenia cultural é a destruição potencial da capacidade de lidar com a enfermidade ou com a morte: a perda gradual de tudo o que as civilizações criaram como expedientes culturais eficazes para lidar com a vulnerabilidade da condição humana diante do inevitável e das contingências da vida. Todas as práticas culturais e tradicionais antigas foram substituídas pela figura do médico e da técnica profissional. Neste aspecto há o sonho da possibilidade da técnica estender indefinidamente a existência corporal humana, da eliminação definitiva de todo e qualquer sofrimento físico.
No final dessa linha está a ideologia do transumanismo, que propõe libertar o ser humano de todas as suas limitações físicas e biológicas, chegando até a propor a eliminação completa da dor e de todo tipo de sofrimento. Illich ressalta que essa mentalidade teria começado na Revolução Francesa, a qual deu origem ao mito de que os médicos podiam substituir os clérigos e que a sociedade poderia voltar a um estado de “saúde original”, onde inexiste o sofrimento. Datam daquele período as primeiras propostas de saúde pública.
Pior do que a idealização da saúde, que em alguns casos pode estar associada a padrões de beleza e moralidade, é o pânico do sofrimento, a neurose causada pela inconformidade extrema com qualquer possibilidade de sofrer e mesmo de enfrentar o risco do sofrimento, como mostra bem o caso de Angelina Jolie.
Hoje o sofrimento é uma cruz por demais ingrata e inútil. Afinal, a referência cristã - que o laicismo militante considera tão cruel - era a único resquício cultural que conferia alguma dignidade ao sofrimento físico do ser humano – sofrimento esse, em certa medida, inevitável. A dor de muitas pessoas se torna ainda pior e mais insuportável quando, em nome de um ideal de saúde, se relaciona às doenças todo tipo de impureza, tal como em tempos remotos. Não tardará que esta sociedade apartada da caridade cristã jogue seus “leprosos” em guetos imundos, para evitar o contágio dos considerados saudáveis ou, mais precisamente, dos que tenham dinheiro para pagar pelo tão sonhado fim de todos os seus sofrimentos.





A Depressão e o Meio Interno

A Depressão e o Meio Interno
Francisco Varatojo
                                                                                                                                                         


A
 depressão é indubitavelmente um sério problema na  nossa sociedade, afetando um número enorme de pessoas, quer do sexo masculino quer do sexo feminino.
Muitas das pessoas deprimidas têm ideia de que algo de errado se passa com elas, mas muitas vezes não sabem identificar os sinais de uma depressão latente. Falta de interesse em atividades que outrora davam prazer, irritabilidade crescente, dificuldade na comunicação são alguns dos muitos sintomas comumente presentes em quadros depressivos.
Em termos clínicos a depressão é geralmente tratada com psicoterapia ou, em casos mais extremos, com drogas antidepressivas.
A medicina oriental e algumas escolas de medicina holística consideram que existem causas externas para um comportamento depressivo, mas apontam o meio interno como fator determinante, em particular a condição do sistema respiratório e dos intestinos.
A má respiração e, consequentemente, a má oxigenação não permitem ao cérebro e sistema nervoso receber nutrição adequada e, consequentemente, a pessoa tende a ficar com pensamentos mais pessimistas e derrotistas.
A alimentação é um fator crucial no processo. Os lacticínios, em particular pela sua tendência para criar mucos no sistema respiratório, são tidos como um dos principais causadores do problema, sobretudo quando combinados com açúcar, como no caso de chocolates, bolos, etc.
Curiosamente, são estes os alimentos mais procurados por pessoas com tendências depressivas, criando um círculo vicioso, de onde pode ser bastante difícil sair.
Em primeiro lugar, é essencial comer regularmente hidratos de carbono complexos, particularmente sob a forma de cereais integrais, leguminosas e vegetais. Os hidratos de carbono complexos fornecem-nos energia de uma forma regular, contribuindo para um estado de espírito mais calmo e uma condição emocional mais estável.
O arroz integral, a aveia (sob a forma de grão ou flocos), o arroz glutinoso, assim como a massa de trigo sarraceno, foram tradicionalmente utilizados no oriente para ajudar a tratar estados depressivos.
Vegetais doces como cebola, cenoura e abóbora são também excelentes para manter níveis de glicemia mais estáveis.
Uma vez que a depressão está frequentemente ligada à debilidade do sistema respiratório (por exemplo, a sinusite), é importante comer todos os dias vegetais verdes fibrosos, como agrião, alho-porró, couve-chinesa, etc. É de realçar que estes vegetais não devem ser cozidos por demasiado tempo. É preferível cozinhá-los no vapor ou escaldá-los rapidamente, retirando-os da água mal comecem a mudar de cor.
Outros alimentos usados como remédios tradicionais para a depressão incluem pepino, couve lombarda, amendoins, araruta, vinagre de arroz ou de maçã.
O uso regular de sabor picante, em particular gengibre fresco ralado ou wasabi, pode também ser eficaz.
Pessoas deprimidas deveriam utilizar em todas as refeições pelo menos um dos alimentos descritos acima.

E, claro, é importante não abusar dos açúcares simples e fast foods.