segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Cloreto de Magnésio: Uma Polêmica


Cloreto de Magnésio: Uma Polêmica
Carl Ferré
 
Num artigo sobre magnésio publicado na França, os autores advertem que o cloreto de magnésio    ̶ usado hoje por não poucas pessoas para resolver o problema de insuficiência do importante mineral    ̶ não surte o efeito desejado. Tal insucesso deve-se, segundo o artigo, ao fato de o cloreto aumentar a acidez do organismo. A acidez é justamente uma das razões por que perdemos magnésio. Os autores estimam que 900 milhões de pessoas em todo o mundo não dispõem suficientemente de magnésio.

Entre as causas do excesso de acidez estão o consumo exagerado de alimentos de origem animal, especialmente laticínios, e o uso do sal. O artigo explica que o sal (cloreto de sódio) aumenta a acidez em virtude dos íons cloreto contidos nele.  O cloreto liga-se ao íon hidrogênio produzindo ácido hidroclorídrico, substância extremamente acidificante.

Em geral, os autores recomendam, além de técnicas de redução do estresse, uma dieta rica em frutas e vegetais, especialmente verduras, spirulina, castanha-do-pará e vitamina D para ajudar na absorção de magnésio no sistema digestivo. Recomendam também suplementos de malato de magnésio. Este suplemento, afirmam eles, é de fácil digestão e não apresenta os efeitos acidificantes do cloreto.

O artigo transmite uma imagem bastante negativa do sal, responsabilizando-o pela excessiva acidificação e pela perda de magnésio. Manifestarei a seguir minha tese, procurando simplificá-la o mais possível.

É importante dar-se conta de que o corpo necessita de ácido hidroclorídrico. Encontramo-lo em grande quantidade no estômago, e é graças a ele que digerimos os alimentos. Para todos os efeitos, o que importa em termos de ácido e alcalino é a matéria que chega aos intestinos depois das transformações operadas no estômago.

É importante reter também que há uma grande diferença entre o sal marinho e o sal refinado. Cada um deles produz um efeito diferente sobre o corpo. O sal marinho contém cloreto (55%), sódio (30,6%), sulfato (7,7%), magnésio (3,7%), cálcio (1,2%), potássio (1,1%) e outros minerais (0,7%). Com exceção do cloreto, todos os outros minerais presentes no sal marinho são alcalinizantes. O sal refinado, por sua vez, contém sódio, cloreto, agentes antiaglutinantes e geralmente iodo. Esses agentes antiaglutinantes provocam acidez, sendo o sódio o único mineral alcalinizante presente no sal refinado. Resumindo: o sal comercial produz acidez; o sal marinho produz alcalinidade.

Há poucas dúvidas a respeito de ser a dieta moderna altamente acidificante. Os alimentos de origem animal são fortemente acidificantes, como o são também o açúcar refinado e a maioria dos alimentos industrializados. Semelhante dieta pode levar a níveis reduzidos de magnésio e cálcio. Comer bastante vegetais, especialmente os folhosos, é uma boa estratégia para corrigir esta condição. Outras fontes de magnésio são as algas marinhas, principalmente a chamada dulse; os feijões, sobretudo as lentilhas; e os cereais integrais.

Se você está preocupado ou sabe que seu nível de magnésio é baixo, pode então tentar os suplementos de malato de magnésio. Mas o melhor caminho, na minha humilde opinião, é ingerir mais vegetais verdes folhosos e substituir o sal refinado pelo sal marinho.