domingo, 4 de dezembro de 2011

Características das Dietas Tradicionais dos Povos Não Industrializados




Características das Dietas Tradicionais dos Povos Não Industrializados*


1-      Das dietas dos saudáveis povos não industrializados não fazem parte alimentos refinados ou desnaturados, tais como açúcar branco e xarope de milho; farinha branca; enlatados; leite pasteurizado, homogeneizado, desnatado ou desengordurado; óleos vegetais refinados e hidrogenados; suplementos proteicos; vitaminas artificiais e aditivos tóxicos e corantes.


2-       Todas as culturas tradicionais consomem algum tipo de proteína animal e gordura de peixe ou outro fruto do mar; aves da terra e da água; animais da terra; ovos; leite e produtos do leite; répteis; e insetos.



3-      Comparadas à dieta norte-americana típica, as dietas primitivas contêm pelo menos quatro vezes mais cálcio e outros minerais, e dez vezes mais vitaminas lipossolúveis presentes nas gorduras animais (vitaminas A, D e K).


4-      Em todas as culturas tradicionais, alguns produtos animais são consumidos crus.


5-      As dietas primitivas e tradicionais dispõem de um conteúdo enzimático impressionante derivado de produtos lácticos crus; carnes e peixes crus; mel cru; frutas tropicais; óleos extraídos por pressão a frio; vinhos e cervejas não pasteurizados; e vegetais, frutas, bebidas, carnes e condimentos fermentados e preservados naturalmente.


6-      Sementes, grãos e castanhas são deixados de molho, germinados, fermentados ou naturalmente levedados a fim de neutralizar os antinutrientes que contêm, tais como ácido fítico, enzimas inibidoras, taninos e carboidratos complexos.


7-      O conteúdo total de gordura das dietas tradicionais varia de 30% a 80%, mas somente cerca de 4% das calorias provêm dos óleos polinsaturados presentes naturalmente em grãos, leguminosas, castanhas, peixe, gordura animal e vegetais. O restante das calorias provenientes de gordura é obtido de ácidos graxos saturados e monossaturados.


8-      As dietas tradicionais contêm quantidades aproximadamente iguais de ômega 6 e ômega 3.


9-      Todas as dietas primitivas contêm sal.


10- As culturas tradicionais consomem ossos de animais, normalmente na forma de caldos ricos em gelatina.


11- As culturas tradicionais preocupam-se com a saúde das futuras gerações, fornecendo às gestantes e crianças em fase de crescimento alimentos ricos em nutrientes especiais; estimulando as crianças a ser independentes; e ensinando aos jovens os princípios de uma dieta saudável.

* Texto elaborado pela The Weston A. Price Foundation.

Um Ohsawa Não Cerealista



Um Ohsawa Não Cerealista
                                                                     Ronald Kotzsch




A atração de Ohsawa pelos valores japoneses tradicionais evidenciara-se igualmente no seu envolvimento com a Shoku-Yō Kai.* Embora voltada para dieta, a organização também defendia a cultura e a moralidade autóctone contra as intrusões ocidentais. Em 1916 Ohsawa uniu-se oficialmente ao grupo: cedeu seu escritório em Kobe para distribuir alimentos da Shoku-Yō e passou a organizar congressos e conferências e a colaborar com artigos para a revista mensal da organização.

O primeiro deles discorria sobre a difícil situação por que passava a população aborígine Ainu, de Hokkaido, ilha localizada no extremo Norte do Japão. Naquela altura, mirando-se na política colonialista dos países ocidentais, o governo japonês impingiu aos Ainu o cultivo de arroz e a criação de gado leiteiro.  Ohsawa assinala que a cultura tradicional desse povo baseava-se na caça, pesca e coleta de plantas selvagens, e que tal diretriz econômica desprezara completamente o princípio de harmonia com o meio ambiente. Esta nova e imposta economia rural (e a dieta dela decorrente) levaria, segundo ele, à destruição biológica e cultural dos Ainu.


*A Shoku-Yō-Kai foi, de fato, a precursora das organizações macrobióticas. Tendo como mentor o médico japonês Ishizuka Sagen, contava, entre suas atividades, com a publicação de um periódico intitulado Shoku-Yō Shimbun . Na capa, abaixo do título, lia-se: “Revista dedicada à propagação da nova ciência do cerealismo estabelecida por Ishizuka Sagen.”

Digno de nota, portanto, é o fato de Ohsawa ter transposto o cerealismo de Ishizuka e adotado, ao menos nesse artigo, um critério mais abrangente, qual seja, o da harmonia com o meio ambiente e observância às tradições seculares. (N. do E.)

Degradação da Natureza

            
                 

“Não é a humanidade, em termos genéricos, a responsável pela degradação da Natureza; mas uma parcela ínfima da humanidade, que possui mais e, portanto, pode mais.”

A Indústria da Doença



                                                     

                       
A Indústria da Doença
                                                                                    Michael Pollan


A medicina está aprendendo como manter vivos os que a dieta ocidental está deixando doentes. Os médicos aprenderam a manter vivos os cardíacos, e agora estão dando duro para tratar da obesidade e do diabetes. Muito mais que o corpo humano, o capitalismo é incrivelmente adaptável, capaz de transformar os problemas que cria em novas oportunidades de negócio: comprimidos para emagrecer, operações para a colocação de pontes cardíacas, bombas de insulina, cirurgia bariátrica.

Embora se estime que 80% dos casos de diabetes tipo 2 poderiam ser evitados com mudança na dieta e exercícios físicos, parece que o capital esperto investe na criação de uma grande indústria do diabetes. A imprensa dominante está cheia de anúncios de novos aparelhos e novas drogas para diabéticos, e a indústria do sistema de saúde se prepara para satisfazer a crescente demanda por operações para colocação de pontes (80% dos diabéticos sofrerão de doenças do coração), diálise e transplantes de rim. No caixa do supermercado, é possível folhear exemplares de uma nova revista com enfoque no estilo de vida: Diabetic Living. O diabetes está em via de ser normalizado no Ocidente – reconhecido como um novo segmento demográfico e, portanto, uma grande oportunidade de marketing. Ao que tudo indica, é mais fácil, ou pelo menos mais lucrativo, transformar uma doença da civilização em estilo de vida do que mudar a alimentação da civilização.