sábado, 28 de dezembro de 2013

Nuvens de Veneno



O filme Nuvens de Veneno, do cineasta e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Beto Novaes, reafirma Mato Grosso como campeão nacional em uso de venenos agrícolas, principalmente no plantio de grãos. Em 25 minutos, o documentário mostra os riscos da cultura do agrotóxico para quem pulveriza as lavouras e para quem come os alimentos. A pulverização de venenos é tão perniciosa que afeta até o leite materno e a água que bebemos, conforme vem afirmando insistentemente o professor Wanderlei Pignati, da Saúde Coletiva da UFMT. “Esse trabalhador adoentado cai na rede pública de saúde. Se a gente consegue evitar que ele adoeça, isso também desafoga o SUS”, explica a pedagoga e mestranda em Vigilância e Saúde do Trabalhador, Carmen Machado.



         

Sobejidões, glutonerias, luxúrias

“Assim também os frutos da terra, as aves, peixes; quis o Autor da natureza que servissem, entre outros fins, para o sustento moderado e necessário do nosso corpo; e o homem tudo converteu em sobejidões, glutonerias, luxúrias, e infinito gênero de doenças.”

Padre Manuel Bernardes

Banho Genital

Banho Genital
(Banho de Assento com Fricção)
Jaime Brüning


          

E
ste é considerado por muitos autores o banho que opera verdadeiras maravilhas na cura de doenças, embora pareça ser o mais simples de todos os banhos.
Ele abrange apenas uma parte pequena do corpo, a parte genital externa do homem e da mulher.
Como se faz o banho?
Coloca-se bastante água fria, na temperatura de 10 a 15 graus Celsius, numa banheira, sobre ela uma tábua ou então um banquinho dentro da água, para que a pessoa se sente no enxuto, em cima da tábua ou do banquinho, que ficam quase rentes com a água.
Basta então, no caso do homem, sentar-se e introduzir na água seu órgão sexual, segurando-o embaixo da água (a ponta) com uma mão, para que fique coberto com a pele (prepúcio), e com a outra mão, com um pano macio, esfregar suavemente o bordo extremo do prepúcio.
Nunca esfregue forte.
O homem também pode fazer este banho utilizando uma torneira ou mangueira com água corrente contínua sobre a ponta do pênis.
A mulher, ao fazer este banho, observará o seguinte: não deverá lavar o interior, mas apenas a parte externa do órgão sexual, ou seja, os grandes lábios, com um pano bem macio e sempre levando bastante água, nunca esfregando forte.
Durante o período da menstruação, suspender o banho por 3 a 4 dias.
Para saber se a água está em temperatura boa para este banho, basta observar o seguinte: a água como a natureza a oferece no riacho, na fonte ou no poço, em geral está na temperatura indicada.
Além disso, observa-se o seguinte: as mãos não devem gelar ou doer com esta água, pois estaria fria demais.
Duração e frequência deste banho: poderá durar de 5 a 30 minutos, conforme o caso, cada banho. Em geral são prescritos 15 a 20 minutos de duração. Podem-se tomar vários banhos por dia, mas sempre longe das refeições, meia hora antes e no mínimo duas horas depois.
Efeitos:
Parece um banho simples e fácil de aplicar, mas seus efeitos são os melhores.
Eis alguns:
- fortifica os nervos;
- elimina matérias estranhas que estão atrapalhando dentro do corpo;
- é poderoso recurso para normalizar a digestão;
- refresca o interior do corpo, eliminando a febre;
- cura dor de cabeça e inflamações na cabeça e garganta (fazendo 25 ou 30 minutos);
- cura a prisão de ventre;
- é calmante, estimula os rins e o fígado a eliminarem venenos;
- reanima a força viral.
Este banho não tem contraindicação, apenas deve-se fazê-lo sempre de estômago vazio, e só alimentar-se novamente após o banho, quando o corpo já reagiu bem com o calor.
Por que este banho influi tanto no organismo?
Luis Kuhne, inventor deste banho, em seu livro “Cura pela Água” diz à página 105: “somente através das partes genitais do homem é que se pode influir sobre todo o sistema nervoso do organismo. É nestas partes genitais que se enraíza, por assim dizer, a árvore da vida”.


Das Dificuldades Surgem as Facilidades

Das Dificuldades Surgem as Facilidades
O Caso de Mozart
Gustavo Corção



F
oi duríssima a vida de Mozart. Com exceção de poucos momentos, viveu sempre entre homens de espantosa mediocridade. Apaixonou-se por Aloísia Weber mas casou-se com a irmã, Constância, como o pastor de Labão. De sete filhos perdeu cinco. Passou fome. Foi meticulosamente humilhado. Como porém não soltou rugidos ou gemidos românticos, contentando-se às vezes em dizer  “Cosi fan tutti”, nós deixamos pensar que sua vida foi amena, ou até leve e translúcida como sua música.

Foi entretanto difícil, dificílima, mas dentro dessa dificuldade, cercado de credores, sitiado pelos tolos, acuado, faminto e tuberculoso, Mozart possuiu, ou adquiriu, ou desenvolveu a mais estranha, a mais misteriosa facilidade de compor que já se viu. Escrevia a qualquer hora, em qualquer lugar, a despeito de quaisquer circunstâncias. Cabeceando de sono, alta noite ou mal acordado de manhã, sem almoçar ou recostado na cama depois do almoço, com vagar ou com pressa, com disposição ou com febre, Mozart escrevia. Escrevia no meio da casa, ouvindo Constância contar os episódios do dia! Compunha uma abertura meia hora antes do primeiro concerto, e os músicos recebem as partituras com tinta ainda fresca. Atendia a encomendas. Fazia música italiana para os italianos e alemã para os alemães, mas sempre música de Mozart. Nenhuma das exigências pitorescas, que alimentam o anedotário dos artistas famosos, se encontra no ofício de Mozart. Não trazia maçãs guardadas na gaveta como Schiller, não espalhava peças de seda no chão como Wagner, nem gritava por quem lhes despejasse água na cabeça ardente como Beethoven. Trabalhava como qualquer modesto artífice. Sentava-se e escrevia. Compunha como o padeiro amassa o pão, ou como o lavrador empurra o arado. De tal modo viva mergulhado na música, fundido nela, que até chegava a parecer desatento. Sem calmantes ou excitantes sua composição flui como se o seu coração vivesse a se desintegrar em música. E é por isso, creio eu, por causa desse paradoxo de uma vida de espessas dificuldades a se transfigurar em música translúcida, por causa dessa total transposição de alma no objeto de sua arte, por causa, em suma, da integração ininterrupta capaz de tão maravilhosa espontaneidade, é por isso que hoje, ouvindo quatro compassos, sentimos logo a presença total e inconfundível da alma imensa que há duzentos anos vem crescendo como um sonoro universo em expansão.

Foi curta a vida de Mozart. Morreu tuberculoso, aos trinta e poucos anos, enquanto arrematava o Requiem que lhe encomendara um personagem enigmático. Morreu na miséria e no abandono. Chovia muito no dia de seu enterro. O coche chegou sem acompanhamento no cemitério, e o corpo de Wolfgang Amadeu Mozart foi atirado na vala comum.