quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

GRATIDÃO


GRATIDÃO

Um poema de Herman Aihara

 
 
Frio e fome produzem calor e abundância

Constrangidos pela doença, rumo à saúde vamos

Constrangidos pela pobreza, rumo à riqueza vamos

 

Saúde e riqueza herdadas são como a névoa da manhã

São presentes que, sem mérito algum, recebemos de nossos pais

Assim como chegam, partem...

 

Tu – e só tu! – é que podes construir a própria saúde e a própria riqueza

Se compreenderes isto de uma vez por todas, não terás inimigo nem guardarás ódio

Por te ameaçarem,

São eles, os teus inimigos, que produzem a tua força

Agradece-lhes, portanto!

Esta é a atitude do homem que merece ser reconhecido como tal

 

Existe alguém deste calibre caminhando hoje sobre a Terra?

Sim! É claro que existe! E este alguém és tu!

Tu não tens inimigo nem guardas ódio

Tu estás disposto a abraçar a vida em sua totalidade

Tu, neste exato momento, és a totalidade

 

Dá, pois, graças à tua fraqueza, graças à tua doença, graças à tua pobreza, graças à tua arrogância, graças ao teu exclusivismo

Por meio deles é que tens a chance de ser forte, saudável, rico, humilde e tolerante

terça-feira, 29 de novembro de 2016

ANDRÉ GORZ - O filósofo que aprendeu a cozinhar


ANDRÉ GORZ - O filósofo que aprendeu a cozinhar




 

O

uvi falar pela primeira vez em André Gorz quando, lá pelos idos de 1980, sua obra Adeus ao Proletariado foi lançada no Brasil. Logo imaginei tratar-se de um marxista heterodoxo que colocava em cheque princípios consagrados do comunismo. Não cheguei a ler o livro, mas o título ficou como um dos mais sugestivos.

Pouco depois tomei conhecimento de que o mesmo autor era responsável pelo surgimento de um novo campo de interesse: a Ecologia Política. André também escrevera Écologie et Politique (até hoje não publicado no país), dando início a uma série de questionamentos quanto ao papel do homem sobre a Terra. Segundo Gorz, a verdadeira missão humana era tornar o planeta mais acolhedor. Também não li Écologie et Politique, mas o nome de André Gorz fixou-se definitivamente como símbolo do pensador-metamorfose, ou seja, do pensador que, em sua busca, se metamorfoseia e nos acaba apresentando mundos sempre virginais.

Passados, porém, quase trinta anos, li-o afinal. Confesso que as palavras de Comte-Sponville – “A vida dos filósofos seria com frequência mais instrutiva que sua filosofia” – muito contribuíram para que eu chegasse a Carta a D., derradeira mensagem de Gorz a sua amada esposa Dorine.

 
Carta a D. constitui um acerto de contas com a própria vida. Talvez só os que, como André à época, passaram dos oitenta, já frágeis e quebradiços, possuam a robustez exigida para tal empreendimento. Logo na primeira página flagramos a vida a suspeitar da teoria: “Por que você está tão pouco presente no que escrevi, se a nossa união é o que existe de mais importante na minha vida?”.

Reconstituindo a história desse amor, André nos conduz até sua maior provação. Em 1973, sua amada torna-se vítima de contraturas e dores de cabeça para as quais os doutores não encontram explicação. Quando o mal se agrava a ponto de Dorine não conseguir nem mesmo deitar-se, André recorre a Court-Payer, médico que defendia uma concepção holística da saúde.

Ao analisar a radiografia da coluna de Dorine, Court-Payer nota a presença no canal raquidiano, desde a região lombar até a cabeça, de um contraste chamado lipiodol. Este produto havia sido injetado em Dorine oito anos atrás em virtude de uma operação de hérnia. Na ocasião, o radiologista tranquilizou-a: “Você vai eliminar essa substância em dez dias”. Mas o lipiodol não foi eliminado e subiu até as fossas cranianas, formando ainda um cisto na região cervical.

André tem de reunir forças para ouvir até o final o diagnóstico de Court- Payer: “Dorine contraiu aracnoidite, afecção em que os filamentos que recobrem o cordão medular propriamente dito, e às vezes o cérebro, formam um tecido cicatricial e comprimem tanto o cordão medular quanto as terminações nervosas que saem dele ou nele entram. A vítima sofre de paralisias e dores. Não há tratamento conhecido.”

Abandonados pela medicina ortodoxa, André e Dorine voltam-se para práticas não violentas e não totalitárias de cura. Dorine encontra alívio nas antigas técnicas de autodisciplina, na ioga e nas fórmulas que um homeopata lhe prescreve.

André, preparando para a revista em que trabalha um dossiê sobre medicinas alternativas, conclui que a tecnomedicina constitui “uma forma particularmente agressiva daquilo que Foucault mais tarde chamaria de biopoder – o poder que os dispositivos técnicos assumem até sobre a relação íntima de cada um consigo mesmo”. Tal experiência limite mudará, de uma vez por todas, o rumo de suas vidas.

Ao completar sessenta anos, André não para de se interrogar sobre o que é e o que não é essencial em sua existência. A resposta não tarda: aposenta-se e entrega-se ao prazer de escolher produtos orgânicos e com eles preparar as refeições que restituirão as forças a Dorine.

Carta a D. é a odisseia da busca pelo essencial. Escreveu-a André para a mulher amada. Mas, ao decidir publicá-la, desejou que sua mensagem ultrapassasse Dorine e nos alcançasse.

Esperarás, caro leitor, chegar a morte para saber o que é essencial à vida?

 

 

Yanguização relâmpago da consciência


Yanguização relâmpago da consciência
                                                        Herman Aihara
 


S

e uma condição ácida inibe a ação dos nervos, uma condição alcalina opera justamente no sentido contrário, estimulando-a. Quem apresenta uma condição sanguínea alcalina consegue pensar e tomar decisões com acerto. Quem, por outro lado, apresenta uma condição sanguínea ácida não é capaz de clareza no pensar nem de rapidez no decidir. Por conseguinte, é muito importante manter uma condição sanguínea alcalina – não somente para a saúde física, mas também para a saúde mental.

A dieta é fundamental na manutenção da alcalinidade do sangue. Entretanto, ela não mostra resultados num dia ou dois: seus efeitos só se evidenciam após meses.

Durante muito tempo busquei um caminho mais rápido – na verdade um atalho – para transformar uma condição ácida em alcalina. Encontrei-o, finalmente, num ritual religioso. A religião japonesa autóctone, o shintoísmo, recomenda firmemente o ritual “misogi”, que consiste na imersão do fiel nas águas gélidas de um rio, cachoeira ou oceano.

O banho frio eleva-nos a consciência e fortalece-nos as funções cerebrais. Quando me vejo vítima de um tirânico desejo por certos alimentos, tomo uma ducha fria e a atração dissipa-se imediatamente! A ducha fria brinda-nos com uma força de vontade inabalável e desenvolve-nos a capacidade de julgamento. A razão para isso está em que a ducha fria torna o sangue alcalino, ao passo que o banho quente o torna ácido.

Recomendo duchas frias aos indivíduos com problemas na vida ou na família, aos muitos estressados e aos que desejam desenvolver o julgamento, objetivando, sobretudo, uma visão abrangente  da vida e um agir criterioso.

A melhor hora para tomar a ducha é ao romper do dia. É necessário continuar por cerca de dez dias para que os sinais de fortalecimento da vontade apareçam.

Quando tomar  a ducha fria não comece pela cabeça, mas siga a seguinte sequência: pernas, abdômen, tórax, ombro direito, dorso e ombro esquerdo; gire então no sentido horário e, por último, banhe a cabeça.

Aqueles com fraqueza cardíaca devem tomar cuidados e observar detalhadamente as reações. Cautela, portanto!