domingo, 11 de agosto de 2013

Um Homem, uma Vaca, um Planeta - Parte 2/2

Um Homem, uma Vaca, um Planeta - Parte 1/2


SOJA: VOCÊ NÃO ESTARÁ ENGANADO?

SOJA:
VOCÊ NÃO ESTARÁ ENGANADO?
Prof. Tomio Kikuchi


            Poucas pessoas sabem a origem e a extensão da crise atual que se abate sobre toda a humanidade; a crise é conhecida apenas superficialmente, buscando-se para ela soluções parciais que acabam por acelerar o seu ritmo degenerativo. Para realmente solucionar qualquer problema, temos de conhecê-lo em sua globalidade e buscar na sua origem a solução efetiva.

            A origem da crise atual é apenas uma: o engano generalizado sobre o que é global e o que é parcial. Quando não se sabe distinguir o global das parcialidades, estabelece-se uma verdadeira confusão e deixa-se de distinguir o que é útil do que é inútil; o que é necessário do que é desnecessário; o que é evolutivo do que é involutivo; ou seja, o que conduz ao verdadeiro progresso humano do que conduz à degeneração das civilizações.

            Buscando exemplificar, eu pergunto: Porque será que a maioria das pessoas considera que a pobreza, a fraqueza, a dificuldade, a ignorância, o sofrimento, a insegurança, a tristeza, a doença e a morte são coisas desnecessárias e más? Não seria isto o fruto do pensamento que confunde a realidade parcial com a realidade global? Todas estas coisas consideradas desnecessárias são na verdade apenas o dorso necessário da realidade de nosso mundo relativo. Este dorso se contrapõe à face da alegria, da facilidade, da saúde, da riqueza, da força, do prazer, da segurança, da paz e do nascimento. O dorso e a face não são bons nem maus, pois em nosso mundo relativo não existe nada bom e nada mau em essência; tudo é fruto da comparação.

O engano no uso da soja

A crise da saúde, por exemplo, está relacionada diretamente com a alimentação. Seriíssimo é o engano cometido por milhões de pessoas que se alimentam de maneira equivocada, pensando que comem alimentos ideais para a saúde, quando na realidade comem o que existe de pior. Veja o caso da soja, por exemplo: atualmente, até mesmo os órgãos governamentais propagam a utilização do feijão de soja, do leite de soja, da farinha de soja; da proteína texturizada de soja, do bife de soja, como alimentos ideais. 

            A origem deste engano é a palavra de ordem atual: precisamos de proteínas. Assim, passa-se a ingerir alimentos altamente proteicos como a soja, sem se verificarem os efeitos nocivos que estes “alimentos" causam no organismo de seus consumidores.
Por que será que os povos do Extremo-Oriente, que há mais de três mil anos consomem a soja, a utilizam na forma de feijão cozido apenas uma ou duas vezes por ano? E por qual razão tradicionalmente, lá no Oriente, se recomenda que a soja, ao ser consumida na forma de feijão cozido, seja preparada juntamente com alimentos ricos em sódio e outros sais minerais alcalinizadores, encontrados na alga kombu e na cabeça de salmão?
Esta pergunta pode ser facilmente respondida pela análise bioquímica da soja. Ela, ao natural, moída ou apenas cozida, revela-se de extrema acidez; por isto se usa cozinhá-la com outros alimentos alcalinizadores.
Mas, embora só consumam soja uma a duas vezes por ano na forma de feijão cozido, os povos do Extremo-Oriente usam a soja diariamente em suas refeições. Após centenas de anos de utilização da soja, aqueles povos aprenderam que deveriam usá-la na forma fermentada, como nos tradicionais missô (massa de soja fermentada), shoyu (molho de soja fermentado), natô (feijão fermentado) ou na forma de tofu (queijo de soja, onde só a parte que se coagula é usada, desprezando-se o soro ácido do leite de soja e o bagaço da soja altamente indigesto e formador de gases intestinais e prejudiciais aos rins). 

              O missô e o shoyu recebem, durante sua longa fermentação (de 1 a 3 anos), proporções de 1/10 a 1/5 de sal marinho na sua composição, o que modifica completamente o teor ácido do feijão de soja. Além disto, após este demorado processo de fermentação, os lactobacilos promovem a modificação ao nível das proteínas de soja, tornando-as mais facilmente assimiláveis. Este é o motivo de o missô e o shoyu serem usados diariamente em todos os lares da China, Japão e Coreia, enquanto o tofu e o natô, embora sejam melhores do que o feijão de soja cozido, são usados mais esporadicamente, 1 a 2 vezes por mês, por serem menos assimiláveis e suas proteínas menos modificadas.

               A proporção entre a taxa de sódio (Na) e potássio, (K) nos alimentos pode servir de guia de segurança sobre a sua qualidade. Os organismos animais, inclusive o homem, mantêm uma proporção de Na/K de 1/7, semelhante à da água do mar, que é igual à do nosso sangue (alguns fluidos essenciais do corpo, como o líquido cérebro-espinhal, por exemplo, têm normalmente uma taxa de Na/K de 1/5).

               Os alimentos de digestão reconhecidamente dificultosa e os alimentos ácidos como a soja possuem uma taxa de Na/K completamente fora da realidade de nosso corpo. O leite de soja, enganosamente considerado por muitos como a forma ideal de se obterem proteínas, tem uma taxa de Na/K totalmente desproporcionada, pois em 100g de leite de soja em pó existem 3mg de sódio para 1.680 mg de potássio, ou seja, uma taxa de Na/K de 1/560, enquanto no leite materno esta taxa é de 1/2. Já o arroz integral tem uma taxa semelhante à do nosso sangue; após ser cozido, ele possui a taxa de Na/K de 1/7. Todos os outros cereais integrais mantêm uma taxa que varia de 1/4 a 1/9 de Na/K; por isto, os cereais são alimentos básicos de todas as civilizações. O trigo era o alimento principal da Europa; o arroz, o alimento principal do Oriente; o milho, o principal dos índios sul e norte-americanos; o cachá ou o trigo sarraceno era o principal da Sibéria e do povo sarraceno e das regiões montanhosas do Oriente; a quínoa era o principal dos Incas; o painço era o principal dos Astecas e Maias, e o sorgo era o principal dos povos africanos.

                 Mas voltando ao engano na utilização da soja, eu gostaria de contar para vocês uma experiência relatada por uma senhora que, influenciada pelos anúncios de leite de soja, resolveu adicioná-lo à dieta de sua residência. Após dois meses de utilização do leite de soja, ela constatou nos seus familiares a formação de gases excessivos, dilatação intestinal, disenteria e disfunção do sistema urinário, o que gerou um processo edemático em todos. Após eliminar o leite de soja da dieta, a condição saudável de seus familiares se normalizou.

                 Inúmeros casos similares a este são relatados no Instituto Princípio Único, não apenas referentes ao leite de soja, como também ao feijão de soja, à proteína texturizada de soja, ao bife e à farinha de soja e outros produtos de soja industrializados, visando só o lucro do fabricante. Esse engano em relação à forma de consumir soja é fruto do pensamento simplista de que, se queremos ter proteínas em nosso organismo, tudo que precisamos fazer é ingeri-la em grandes quantidades, seja qual for sua qualidade.

                  A realidade dos fatos nos mostra os resultados opostos ao que se pretende como fruto do engano da utilização de bastante proteína. Se realmente quisermos fazer um aproveitamento adequado dos alimentos que consumimos, deveremos procurar nos alimentar com parcimônia, simplicidade, buscando o exemplo nas experiências dos povos tradicionais, que, depois de muitos erros, acabaram por aprender bastante sobre a forma correta de se alimentar.

                   Se mesmo com estes exemplos você não perceber a relação dos enganos individuais com a crise atual, isto já demonstrará a possibilidade de você estar enganado sobre a crise atual. A base desses enganos é o embotamento do discernimento: a lógica enganada, as razões enganadoras, os conhecimentos enganados e a compreensão parcial.