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onsidere quão comum a doença é, quão tremenda a
mudança espiritual que traz, quão espantosas – quando as luzes da saúde se
apagam – as regiões por descobrir que são então reveladas, que extensões
desoladas e desertos da alma uma ligeira gripe deixa à vista, que precipícios e
relvados pontilhados de flores brilhantes uma pequena subida de temperatura
descortina, que antigos e rijos carvalhos são desenraizados em nós pela ação da
doença, como nos afundamos no poço da morte e sentimos as águas da aniquilação
fecharem-se sobre nossas cabeças e acordamos julgando estar na presença de
anjos e harpistas quando arrancamos um dente, e voltamos à
superfície na cadeira do dentista e confundimos seu “bocheche… bocheche…” com
as saudações de uma divindade debruçada no chão do céu para nos dar as
boas-vindas. – Quando pensamos nisso, como tantas vezes somos forçados a
pensar, torna-se realmente estranho que a doença não tenha arranjado um lugar,
juntamente com o amor, a guerra e o ciúme, entre os temas primordiais da literatura.
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