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caracol nos ensina não somente a necessária
lentidão, mas também outra lição ainda mais necessária. Como nos explica Ivan
Illich:
O
caracol constrói a delicada arquitetura de sua concha acrescentando, uma após
outra, as espiras cada vez maiores, e depois cessa bruscamente, começando a
encaracolar-se em voltas decrescentes. Porque uma única espira ainda maior
daria à concha uma dimensão 16 vezes maior. Em vez de contribuir para o
bem-estar do animal, ela o sobrecarregaria. Assim, todo aumento de sua
produtividade serviria apenas para remediar as dificuldades criadas por esse
aumento da concha além dos limites fixados por sua finalidade. Passado o ponto-
limite do aumento das espiras, os problemas do supercrescimento multiplicam-se
em progressão geométrica, enquanto a capacidade biológica do caracol consegue
apenas, na melhor das hipóteses, seguir uma progressão aritmética.
Esse divórcio do caracol em
relação à razão geométrica, que ele havia desposado por um tempo, mostra-nos a
via para pensar uma sociedade de “decrescimento”, se possível serena e
convivial.
Odiei
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