sexta-feira, 31 de outubro de 2014

De volta ao futuro: Nas asas do decrescimento

De volta ao futuro
Nas asas do decrescimento




P
ersistir no caminho civilizatório em que nos encontramos é, reconhecidamente, uma estupidez. Um caminho que admite a contaminação da água, a contaminação dos solos e o desequilíbrio climático é digno, no mínimo, de uma profunda reflexão e reavaliação individual e coletiva de nossas ações. Tendo, embora, a possibilidade de viver num paraíso, esforçamo-nos, cansamo-nos, trabalhamos, envelhecemos precocemente para, surpreendentemente, aumentar a destruição e a rapinagem do planeta que nos acolhe.

Para onde rumamos como sociedade?

Queremos todos viver como um europeu? Lá onde não há mais nenhuma mata natural e onde os parques são silenciosos, pois quase não há mais vida natural nem cantos de pássaros? Lá onde a sociedade está mais industrializada e não há mais água boa para beber?

Queremos viver como um habitante do Japão, país com alta tecnologia mas cujas crianças se sentem tão pressionadas e infelizes a ponto de cometerem suicídio em grande número?

Queremos viver com um estadunidense, que para manter seu padrão consumista submete nações e povos a sangrentas guerras?

Uma industrialização maior da sociedade brasileira não nos deixará mais felizes. As nações mais industrializadas do mundo não são as que mais sentem alegria, não são as que mais se divertem, não são as que mais cultivam o amor. Bem ao contrário.

Por tudo isso, a correção de rota é imprescindível. É preciso projetar um futuro no qual o Brasil inteiro volte a ser um paraíso. Basta, para tanto, deixar a Natureza brotar espontaneamente. É necessário voltar aos projetos artesanais, caseiros, de escala familiar, os mais locais possíveis, geradores de trabalho e renda, dinamizadores da economia local, respeitadores da Natureza e, por isso mesmo, infinitamente mais prazerosos. Aproveitemos a memória de nossos avós quanto aos métodos tradicionais de condução da água, elaboração de sabão, processos de plantio de sementes crioulas, conservação de alimentos, receitas com fermentação natural. Lancemos mão de processos que nos libertem da indústria alimentícia, a qual não respeita sequer a lei de rotulagem, mentindo, portanto, quanto ao real conteúdo de sues produtos.

Espelhemo-nos nas populações tradicionais autóctones, que, não obstante tudo o que sofrem, não se recusam a compartilhar seus preciosos conhecimentos com o intuito de preservar este paraíso, pois entendem que somos todos irmãos.

Vibremos na frequência de diminuir o tamanho das cidades e espalhemo-nos pelo interior, não para desfigurá-lo, mas sim para criar sistemas agroflorestais e permaculturais, que são o estado genuíno desta terra chamada Brasil.

Desconcentremos, redistribuamos, dividamos, decresçamos, a fim de que haja o necessário para todos.

                        

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