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ersistir no caminho civilizatório em
que nos encontramos é, reconhecidamente, uma estupidez. Um caminho que admite a
contaminação da água, a contaminação dos solos e o desequilíbrio climático é
digno, no mínimo, de uma profunda reflexão e reavaliação individual e coletiva
de nossas ações. Tendo, embora, a possibilidade de viver num paraíso,
esforçamo-nos, cansamo-nos, trabalhamos, envelhecemos precocemente para,
surpreendentemente, aumentar a destruição e a rapinagem do planeta que nos
acolhe.
Para onde rumamos como sociedade?
Queremos todos viver como um europeu? Lá onde não há mais
nenhuma mata natural e onde os parques são silenciosos, pois quase não há mais
vida natural nem cantos de pássaros? Lá onde a sociedade está mais
industrializada e não há mais água boa para beber?
Queremos viver como um habitante do Japão, país com alta
tecnologia mas cujas crianças se sentem tão pressionadas e infelizes a ponto de
cometerem suicídio em grande número?
Queremos viver com um estadunidense, que para manter seu padrão
consumista submete nações e povos a sangrentas guerras?
Uma industrialização maior da sociedade brasileira não nos
deixará mais felizes. As nações mais industrializadas do mundo não são as que
mais sentem alegria, não são as que mais se divertem, não são as que mais
cultivam o amor. Bem ao contrário.
Por tudo isso, a correção de rota é imprescindível. É preciso
projetar um futuro no qual o Brasil inteiro volte a ser um paraíso. Basta, para
tanto, deixar a Natureza brotar espontaneamente. É necessário voltar aos
projetos artesanais, caseiros, de escala familiar, os mais locais possíveis,
geradores de trabalho e renda, dinamizadores da economia local, respeitadores
da Natureza e, por isso mesmo, infinitamente mais prazerosos. Aproveitemos a
memória de nossos avós quanto aos métodos tradicionais de condução da água,
elaboração de sabão, processos de plantio de sementes crioulas, conservação de
alimentos, receitas com fermentação natural. Lancemos mão de processos que nos
libertem da indústria alimentícia, a qual não respeita sequer a lei de
rotulagem, mentindo, portanto, quanto ao real conteúdo de sues produtos.
Espelhemo-nos nas populações tradicionais autóctones, que,
não obstante tudo o que sofrem, não se recusam a compartilhar seus preciosos
conhecimentos com o intuito de preservar este paraíso, pois entendem que somos
todos irmãos.
Vibremos na frequência de diminuir o tamanho das cidades e
espalhemo-nos pelo interior, não para desfigurá-lo, mas sim para criar sistemas
agroflorestais e permaculturais, que são o estado genuíno desta terra chamada
Brasil.
Desconcentremos, redistribuamos, dividamos, decresçamos, a
fim de que haja o necessário para todos.
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