Brasil Orgânico revela histórias de pessoas que têm na produção orgânica uma forte convicção de vida. O roteiro percorre as regiões brasileiras, a diversidade de ecossistemas, paisagens e culturas. Da fruticultura no interior de São Paulo à pecuária no Pantanal, da agricultura familiar no norte de Minas Gerais e em Santa Catarina ao extrativismo na Floresta Amazônica. O associativismo, as feiras agroecológicas, o consumo consciente. Do campo à cidade, a produção de alimentos e a relação do homem com a terra.
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Aprendendo um pouco sobre o chá japonês (1ª parte)
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mesmo arbusto, Camelia sinensis, é fonte de diferentes espécies de chá no Japão.
As folhas mais jovens
e tenras, colhidas na primavera, são usadas para fazer o Chá Verde ou Ryoku-cha.
Matcha
é elaborado com os gravetos das folhas mais jovens. Esta é a bebida usada na Cerimônia
do Chá.
Bancha
é produzido a partir das partes mais velhas do arbusto, após a primeira poda.
Usam-se as folhas podadas do primeiro ano para fazer o chá chamado Ichi-nen Bancha (Bancha do primeiro ano). Com as folhas podadas do segundo ano
faz-se o Ni-nen Bancha (Bancha do segundo ano). Já o San-nen Bancha (Bancha do terceiro ano), por conter os gravetos do arbusto mas não
as folhas, é também conhecido como Kukicha,
isto é, chá de gravetos.
Kukicha
(Kuki é o termo japonês para
“graveto”). Quando George Ohsawa introduziu este chá na Europa, batizou-o de
“chá de três anos”. No Japão, o Kukicha
é considerado o chá mais desprezível, embora seja, paradoxalmente, o mais
saudável.
Bō-Cha
(Bō quer dizer “bastão”) é elaborado
com a haste do arbusto.
A ordem decrescente
do teor de cafeína presente nesses chás é a seguinte: Chá Verde, Bancha, Kukicha. O Bō-Cha não
contém cafeína.
De volta ao futuro: Nas asas do decrescimento
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ersistir no caminho civilizatório em
que nos encontramos é, reconhecidamente, uma estupidez. Um caminho que admite a
contaminação da água, a contaminação dos solos e o desequilíbrio climático é
digno, no mínimo, de uma profunda reflexão e reavaliação individual e coletiva
de nossas ações. Tendo, embora, a possibilidade de viver num paraíso,
esforçamo-nos, cansamo-nos, trabalhamos, envelhecemos precocemente para,
surpreendentemente, aumentar a destruição e a rapinagem do planeta que nos
acolhe.
Para onde rumamos como sociedade?
Queremos todos viver como um europeu? Lá onde não há mais
nenhuma mata natural e onde os parques são silenciosos, pois quase não há mais
vida natural nem cantos de pássaros? Lá onde a sociedade está mais
industrializada e não há mais água boa para beber?
Queremos viver como um habitante do Japão, país com alta
tecnologia mas cujas crianças se sentem tão pressionadas e infelizes a ponto de
cometerem suicídio em grande número?
Queremos viver com um estadunidense, que para manter seu padrão
consumista submete nações e povos a sangrentas guerras?
Uma industrialização maior da sociedade brasileira não nos
deixará mais felizes. As nações mais industrializadas do mundo não são as que
mais sentem alegria, não são as que mais se divertem, não são as que mais
cultivam o amor. Bem ao contrário.
Por tudo isso, a correção de rota é imprescindível. É preciso
projetar um futuro no qual o Brasil inteiro volte a ser um paraíso. Basta, para
tanto, deixar a Natureza brotar espontaneamente. É necessário voltar aos
projetos artesanais, caseiros, de escala familiar, os mais locais possíveis,
geradores de trabalho e renda, dinamizadores da economia local, respeitadores
da Natureza e, por isso mesmo, infinitamente mais prazerosos. Aproveitemos a
memória de nossos avós quanto aos métodos tradicionais de condução da água,
elaboração de sabão, processos de plantio de sementes crioulas, conservação de
alimentos, receitas com fermentação natural. Lancemos mão de processos que nos
libertem da indústria alimentícia, a qual não respeita sequer a lei de
rotulagem, mentindo, portanto, quanto ao real conteúdo de sues produtos.
Espelhemo-nos nas populações tradicionais autóctones, que,
não obstante tudo o que sofrem, não se recusam a compartilhar seus preciosos
conhecimentos com o intuito de preservar este paraíso, pois entendem que somos
todos irmãos.
Vibremos na frequência de diminuir o tamanho das cidades e
espalhemo-nos pelo interior, não para desfigurá-lo, mas sim para criar sistemas
agroflorestais e permaculturais, que são o estado genuíno desta terra chamada
Brasil.
Desconcentremos, redistribuamos, dividamos, decresçamos, a
fim de que haja o necessário para todos.
A sabedoria do caracol
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caracol nos ensina não somente a necessária
lentidão, mas também outra lição ainda mais necessária. Como nos explica Ivan
Illich:
O
caracol constrói a delicada arquitetura de sua concha acrescentando, uma após
outra, as espiras cada vez maiores, e depois cessa bruscamente, começando a
encaracolar-se em voltas decrescentes. Porque uma única espira ainda maior
daria à concha uma dimensão 16 vezes maior. Em vez de contribuir para o
bem-estar do animal, ela o sobrecarregaria. Assim, todo aumento de sua
produtividade serviria apenas para remediar as dificuldades criadas por esse
aumento da concha além dos limites fixados por sua finalidade. Passado o ponto-
limite do aumento das espiras, os problemas do supercrescimento multiplicam-se
em progressão geométrica, enquanto a capacidade biológica do caracol consegue
apenas, na melhor das hipóteses, seguir uma progressão aritmética.
Esse divórcio do caracol em
relação à razão geométrica, que ele havia desposado por um tempo, mostra-nos a
via para pensar uma sociedade de “decrescimento”, se possível serena e
convivial.
Doença e Literatura
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onsidere quão comum a doença é, quão tremenda a
mudança espiritual que traz, quão espantosas – quando as luzes da saúde se
apagam – as regiões por descobrir que são então reveladas, que extensões
desoladas e desertos da alma uma ligeira gripe deixa à vista, que precipícios e
relvados pontilhados de flores brilhantes uma pequena subida de temperatura
descortina, que antigos e rijos carvalhos são desenraizados em nós pela ação da
doença, como nos afundamos no poço da morte e sentimos as águas da aniquilação
fecharem-se sobre nossas cabeças e acordamos julgando estar na presença de
anjos e harpistas quando arrancamos um dente, e voltamos à
superfície na cadeira do dentista e confundimos seu “bocheche… bocheche…” com
as saudações de uma divindade debruçada no chão do céu para nos dar as
boas-vindas. – Quando pensamos nisso, como tantas vezes somos forçados a
pensar, torna-se realmente estranho que a doença não tenha arranjado um lugar,
juntamente com o amor, a guerra e o ciúme, entre os temas primordiais da literatura.
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