O Microbioma Humano
Denise Carreiro
O microbioma humano, embora não seja uma
estrutura distinta na sua forma, como um coração ou um fígado, é um sistema que
- assim como o sistema imunológico, que conta com células de defesa em todo o
organismo - está presente em todo o corpo humano.
Os seres humanos hospedam um superorganismo composto por inúmeros grupos de bactérias que trabalham na saúde e na doença, em simbiose com as nossas células e com o meio ambiente. Para cada célula do corpo existem dez bactérias.
Conhecidos há vários séculos, estes micro-organismos foram primeiramente
reconhecidos como invasores, que deveriam ser evitados e eliminados. A partir
deste conceito, os alimentos passaram por processos que os eliminavam, e a
medicina direcionou seus esforços em pesquisas para criar drogas cada vez mais
agressivas para eliminação das bactérias, mesmo que para isso as boas bactérias
também sucumbissem.
Sem dúvida alguma, em um período onde as doenças infecciosas respondiam
por grande parte das mortes, a adoção de drogas antibióticas representou um
avanço considerável para preservação da espécie humana.
Entretanto deixamos de dar a devida importância às funções e interações
que este microbioma exerce para mantermos um estado de saúde adequado
utilizando nossas defesas naturais que nos protegem das doenças.
Acho a denominação microbioma humano muito adequada, pois, de uma forma análoga, o nosso o planeta também sofreu profundas degradações devido a decisões erradas sobre assuntos que ainda não estavam completamente compreendidos pela ciência. A revolução industrial permitiu que houvesse uma devastação generalizada dos nossos recursos naturais, cujos efeitos só hoje podemos avaliar. Em paralelo, nosso organismo também tem sofrido agressões que se manifestam em números epidêmicos de doenças crônicas não transmissíveis.
Assim como os problemas ambientais, estas doenças têm desafiado a
ciência para que haja um resgate e um reconhecimento maior dos fundamentos que
fazem nosso organismo se manter em harmonia e com a saúde. Assim como a
natureza, nosso organismo não sofreu modificações, o que mudou foi a forma como
ele está sendo tratado, e a alimentação tem sido o principal vetor destas
mudanças.
A preservação e sustentabilidade deste microbioma dependem da forma como
tratamos nosso corpo. Quanto mais conhecermos este universo que trabalha dentro
de nós, maior teremos cuidado em preservá-lo. Esperamos que no futuro exista um
maior reconhecimento dos danos que a nossa matriz alimentar está provocando
neste sistema; e que os tratamentos sejam menos agressivos e supressores, mais
moduladores e reconstrutores, pois só assim poderemos recuperar o controle da
nossa saúde.
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