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papel
do sangue não se restringe a irrigar os tecidos. Constitui ele também uma ponte
entre o espírito imaterial do homem e seu corpo físico. Esta função não
reconhecida do sangue nos permite compreender melhor a nós mesmos e a ampliar
nossos horizontes terapêuticos.
Qual é a
finalidade do sangue?
É
geralmente aceito que o papel do sangue consiste em irrigar os tecidos
orgânicos, abastecendo as células com oxigênio e nutrientes. Também
reconhecemos o papel que ele desempenha na eliminação de toxinas, bem como na
transmissão hormonal de mensagens de uma célula a outra. Além disso, sabemos
que o sangue é responsável pelo sistema de defesa do nosso organismo.
Poder-se-ia
concluir, tendo em vista as informações anteriores, que o sangue não passa de
um servo fiel do corpo, que este o utiliza para realizar uma variada gama de
funções. Hierarquicamente falando, é como se o corpo estivesse em primeiro
plano, enquanto o sangue, com seu vital embora subordinado papel, em segundo
plano.
Será
isso, porém, verdade? O sangue desempenha,
de fato, um papel secundário?
Analisando
fatos bem conhecidos, veremos que este não é o caso.
Durante
um período de 24 horas de diálise, podemos eliminar de 300 a 400 gramas de
ureia, ao passo que a simples presença de 2 gramas de ureia em 1 litro de
sangue é considerada uma grave ameaça. Uma vez que em nosso corpo só circulam
aproximadamente 7 litros de sangue, donde provêm os 300 ou 400 gramas de ureia?
É evidente que o sangue não pode estocá-los, desde que a presença nele de
poucas gramas é mortal. A verdade é que
essa grande quantidade de ureia é armazenada no corpo, mais precisamente nos
tecidos orgânicos, e só podem surgir na circulação por intermédio da diálise.
Se o corpo é então sacrificado dessa maneira e deve suportar o altíssimo preço
da intoxicação pela ureia a fim de que o sangue mantenha estável a sua
composição, não significa isso, pois, que o sangue é muito mais importante que
o corpo, e que o corpo é que desempenha o papel de servo fiel do sangue?
Sangue e
deficiências
Essa
posição de destaque do sangue é também evidenciada pelo processo oposto, ou
seja, quando a ameaça ao equilíbrio do sangue não tem origem no excesso de uma
substância prejudicial, como explicado anteriormente, mas sim na falta de
substâncias essenciais. Normalmente o sangue contém certa quantidade de
substâncias alcalinas (cálcio, sódio, etc.), usadas por ele para neutralizar os
ácidos que ameaçam a estabilidade de seu pH, ou, em outras palavras, sua
ligeira alcalinidade. Quando a presença de ácidos é excessiva e regular, esses
minerais alcalinos se esgotam, e outro sistema de defesa é acionado: minerais
alcalinos são retirados de diferentes tecidos do corpo. Eles são removidos do
esqueleto, das unhas, da pele, dos cabelos, a fim de restabelecer o nível do pH
do sangue.
Mas
se esse mecanismo não resolver o desequilíbrio de pH do sangue, a remoção de
minerais alcalinos do corpo não se interrompe, a ponto de nele se instalar uma
verdadeira ruína: os ossos se descalcificam, tornando-se porosos; os dentes
degeneram, desintegram-se e, por fim, caem; a pele começa a apresentar
rachaduras, e assim por diante.
Mais
uma vez, a importância primordial do sangue é claramente comprovada pelo
sacrifício do corpo em favor do sangue. Com o propósito de manter a composição
ideal do sangue, minerais alcalinos são retirados dos tecidos e órgãos, não
importando o quanto serão eles prejudicados.
Esses
dois exemplos não são excepcionais nem únicos. As mesmas reações de defesa são
constatadas quando outros resíduos, além da ureia, estão envolvidos, e quando
se trata de outras substâncias nutricionais que não os minerais alcalinos.
Portanto,
ao contrário da crença popular, o sangue não existe para servir ao corpo, mas o
corpo é que existe para servir ao sangue.
O papel não
reconhecido do sangue
Os
exemplos anteriores demonstram o que acontece em termos fisiológicos quando
nossa vida é ameaçada. As prioridades evidenciam-se: o corpo foi sacrificado
para salvar o sangue. É o sangue, indiscutivelmente, mais importante. No
entanto, uma questão de primeira ordem se impõe: se o corpo, conforme vimos, serve
ao sangue, o sangue serve a quê?
Uma
coisa é certa: se o sangue é mais importante que o corpo, aquilo a que o sangue
serve deve ser mais importante ainda. Mas o que será?
A
razão pela qual o sangue existe é servir ao espírito. O papel do sangue é
estabelecer uma ponte entre o corpo e o espírito. Sem o sangue, o espírito não encarna nem permanece encarnado no corpo
físico, que não é senão seu instrumento e ferramenta. O espírito, por conseguinte,
não está conectado ao corpo, mas ao sangue. É unicamente por meio do sangue que
ele, o espírito, conecta-se ao corpo. Agora nós podemos entender por que o
corpo trabalha tão intensamente em favor do sangue, chegando ao limite do
sacrifício. Sem o sangue, não há conexão e, portanto, não há vida material. Se
o corpo possui o dom da vida não é por causa do sangue, mas por causa do
espírito, que a ele se conecta por intermédio do sangue.
Novos
horizontes terapêuticos
O
fato de que o sangue desempenha o papel de ponte significa que o espírito pode
ser alcançado por seu intermédio. Se
regimes alimentares ou dietas especiais interferem na composição do sangue, tudo
leva a crer que podem também alterar o estado espiritual do homem. Muitas
pessoas que hoje sofrem de fobias indefinidas mas persistentes, de depressão e
outros distúrbios de ordem espiritual, podem ser tratadas sem o uso de
substâncias químicas artificiais que atuam diretamente no sistema nervoso.
Existem terapias que atingem o espírito indiretamente, restituindo ao sangue
sua composição ideal. Estes tratamentos são simples e naturais. Consistem, por
um lado, em dar ao sangue aquilo de que ele necessita por meio de regimes
alimentares e ingestão de vitaminas e minerais específicos para cada caso; e,
por outo lado, em purificar o sangue através de dietas de curto prazo e
técnicas fitoterápicas. Desta forma, tanto o corpo quanto o espírito serão
curados.
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