Mastigação:
O Bem-Estar Espiritual
Dean Cooling
G
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igante espiritual do século XX, Mahatma Gandhi cunhou a
famosa sentença “mastigue os líquidos e beba os sólidos.” Por intermédio da
mastigação e do jejum, Gandhi foi capaz de aprofundar suas experiências espirituais,
como ele próprio afirma numa passagem menos conhecida de sua autobiografia:
“É ordinário
ouvirmos que a alma nada tem que ver com o que comemos e bebemos; que o
importante não é o que entra pela boca, mas o que dela sai. Há, sem dúvida,
alguma verdade nisso. Contudo, em vez de examinar de perto esta questão, devo
contentar-me em expor uma firme convicção: para o buscador que aspira viver em
Deus e vê-Lo face a face, o autocontrole na quantidade e qualidade do alimento
é tão essencial quanto o autocontrole no pensamento e na fala.”
Há tempos
testemunhei a mais impressionante explanação sobre os benefícios espirituais da
mastigação. Encontrava-me eu em Sierra Nevada, na Califórnia, participando do
Seminário Macrobiótico de Verão. Bob Carr, o responsável pela palestra
“Práticas Espirituais Esquecidas que Conduzem à Paz”, surpreendeu a todos ao
atribuir à mastigação um papel fundamental no desenvolvimento espiritual. O que
se segue constitui um resumo de sua inspirada palestra.
A energia
cósmica, vindo de inumeráveis estrelas e galáxias, alimenta constantemente a
Terra. Esta energia descendente (yang), também chamada de força celeste, introduz-se no corpo humano pelo alto da cabeça e desce
verticalmente pelo canal espiritual. Inversamente, a energia gerada pela
rotação da Terra entra no corpo humano pela região situada entre o ânus e os
órgãos genitais, e percorre, em sentido ascendente, o mesmo canal espiritual.
Esta energia ascendente (yin) é conhecida também como força terrestre. De
sentidos opostos, estes dois fluxos verticais de energia eletromagnética
colidem formando espirais que dão origem aos chamados chakras. A partir deles,
as duas correntes – uma yin, outra yang – assumem em nosso corpo determinadas
trajetórias – os famosos meridianos da medicina chinesa – por meio das quais
vitalizarão todos os órgãos, tecidos e células.
Há uma
região no canal espiritual crucial para o nosso desenvolvimento como seres
espirituais. Na remota China, a cavidade bucal era considerada uma câmara onde
a energia espiritual poderia ser ativada. Quanto mais mastigamos, mais íons
positivos oriundos da força celeste acumulam-se na úvula, ao passo que mais
íons negativos oriundos da força da Terra acumulam-se na língua. A energia
elétrica aumenta, até que pequenos impulsos são liberados, carregando o
alimento mastigado e envolvido pela saliva rica em minerais. Destarte, nossos
corpos físico e energético potencializam-se, favorecendo a cura e a sensação de
bem-estar. Este cenário é similar ao que ocorre numa tempestade, quando a
energia é acumulada e relâmpagos são então liberados.
Além disso,
quanto mais mastigamos, mais sangue se concentra na articulação mandibular,
próxima às orelhas. Esta área se aquece, já que uma quantidade maior de sangue
está ali circulando. A hemoglobina dos glóbulos vermelhos do sangue contém
ferro, o qual apresenta propriedades eletromagnéticas. Quando mastigamos, estas
partículas de ferro tornam-se altamente carregadas, criando um campo de energia
de um lado a outro da cabeça. Mastigar mais resulta num campo energético mais
forte.
No centro da cabeça, onde estas duas correntes poderosas de
energia se encontram – uma vertical e outra horizontal – aloja-se a principal
glândula do sistema endócrino, a pituitária. A glândula pituitária é então
estimulada a produzir hormônios benéficos que, por sua vez, estimularão outras
glândulas do sistema endócrino. Esta rede de glândulas e suas secreções
desempenham um papel importante na atividade imunológica do organismo e
contribuem para a proteção contra doenças.
Estes
fenômenos energéticos que estão por trás da mastigação explicam a profunda
sensação de paz experimentada quando mastigamos demorada e ritmicamente.
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