Raquel Ribeiro
para o blog Deixa Sair
A
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ignorância é uma bênção – em especial na hora
de saborear gostosuras. Pois o fato de ser jornalista tirou para mim o sabor
dos snacks: depois de
escrever sobre os aditivos alimentares para a Revista dos Vegetarianos e para a Plurale, passo reto em vários corredores do supermercado.
Abaixo, breve resumo.
Nossos
alimentos são recheados de aditivos químicos. Alguns servem para conservar; mas
a maioria tem por função deixar o produto mais sedutor. Precisa ter urucum
industrializado na manteiga? Por que cereais são multicoloridos, o refrigerante
roxo e o iogurte cor-de-rosa? Nem remédios escapam do “embelezamento”: a
indústria faz questão de dourar (e azular, esverdear...) a pílula. E a gente,
claro, colabora ao escolher alimentos chamativos e não questionar o abuso das empresas.
Se não
houvesse conservantes, os alimentos durariam menos, é verdade. Mas a
praticidade da maionese industrializada compensa a quantidade de química que se
ingere junto? Aditivos alimentares fazem, deliberadamente, mal à saúde,
porque nosso corpo não reconhece essa química nova. Caso do aspartame e
do glutamato monossódico. O Journal
of Neuropathology and Experimental Neurology publicou que o aspartame
é “um candidato promissor para explicar o recente aumento da incidência e do
grau de malignidade dos tumores cerebrais”.
Cerca de 70%
do glutamato monossódico (MGS) é composto de ácido glutâmico, que tem função
excitante nas células e pode levar a danos cerebrais. Pesquisas apontam que
nosso organismo utiliza o glutamato como um transmissor de impulsos nervosos no
cérebro – e seu consumo está sendo associado a dificuldades de aprendizado, Mal
de Alzheimer, Parkinson e câncer.
Quanto aos
corantes, alguns já são proibidos em países sérios, como o Allura, Amarelo Crepúsculo
e Tartrazina – os dois últimos por
provocar hiperatividade e outros distúrbios de comportamento nas
crianças.
O jornalista
investigativo Randall Fitzgerald mostrou que no século XX a taxa de
mortalidade devido ao câncer subiu, nos Estados Unidos, de 3% para 20% do total
de mortes ocorridas, a incidência de diabetes cresceu de 0,1% para quase 20% da
população, doenças cardíacas proliferaram e houve aumento na incidência de
doenças cerebrais. A alimentação é a principal responsável por esses
índices: “A ciência médica não pode prever que pessoas serão sensíveis a
quais substâncias químicas, em quais dosagens, com qual potencial para
desenvolver alguma dependência, ou quais efeitos sinérgicos podem criar
condições tóxicas no corpo humano”, escreveu Fitzgerald, em Cem Anos de Mentira.
De acordo
com o autor, mais de três mil substâncias químicas sintéticas são regularmente
adicionadas aos produtos alimentícios, e quase nenhuma foi testada quanto ao
seu potencial interativo com outras substâncias. Em 2006, quando o livro
foi lançado, cada norte-americano tinha mais de 700 substâncias quimicamente
sintetizadas acumuladas em seu organismo!
A indústria
alimentícia quer lucro, investe em marketing
e economiza na compra de matéria-prima. Moral da história: o supermercado tem
muita coisa para vender; pouca para comer.
Obs.: Aos
amantes da culinária japonesa, uma dica: existe shoyu orgânico (macrobiótico) e sem glutamato.
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