A Visão Reducionista
da Indústria dos Agrotóxicos
José Lutzenberger
A
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indústria química conseguiu impor seu
paradigma na agricultura, na pesquisa e no fomento agrícola e dominou as
escolas de agronomia. Ela impôs um tipo de pensamento reducionista, uma visão
bitolada que simplifica as coisas mas que acaba destruindo equilíbrios que
podem manter uma agricultura sã. A praga e as enfermidades das plantas são
apresentadas como inimigos arbitrários, implacáveis, cegos, que atacam quando
menos se espera e que devem, portanto, ser exterminados ou, quando isto se
torna impossível, ser combatidos da maneira mais violenta e fácil possível. O
camponês tradicional e o agricultor orgânico moderno sabem que a praga é
sintoma, não causa do problema. Com um manejo adequado do solo, adubação
orgânica, adubação mineral insolúvel, adubação verde, consorciações, rotação de
cultivos, cultivares resistentes e outras medidas que fortifiquem as plantas,
eles mantêm baixa incidência de pragas e moléstias das plantas. O paradigma da
indústria química não leva em conta estes fatores. Combate sintomas e não
procura as causas.
Dentro
desta visão, a agricultura, que deveria ser o principal dos fatores de saúde
dos homens, é hoje um dos principais fatores de poluição. Uma das formas
insidiosas de poluição. O leigo vê a fumaça que sai das chaminés, dos escapes
dos carros, vê a sujeira lançada nos rios. Mas, quando compramos uma linda maçã
na fruteira da esquina, mal sabemos que esta fruta recebeu mais de trinta
banhos de veneno no pomar e, quando entrou no frigorífico, foi mergulhada em um
caldo de mais outro veneno. Alguns dos venenos são sistêmicos. Quer dizer, eles
penetram e circulam na seiva da planta para melhor atingir os insetos que se
alimentam sugando a seiva. Não adianta lavar a fruta.
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