sábado, 3 de novembro de 2012

A Visão Reducionista da Indústria dos Agrotóxicos


A Visão Reducionista
da Indústria dos Agrotóxicos
José Lutzenberger

                             

A
 indústria química conseguiu impor seu paradigma na agricultura, na pesquisa e no fomento agrícola e dominou as escolas de agronomia. Ela impôs um tipo de pensamento reducionista, uma visão bitolada que simplifica as coisas mas que acaba destruindo equilíbrios que podem manter uma agricultura sã. A praga e as enfermidades das plantas são apresentadas como inimigos arbitrários, implacáveis, cegos, que atacam quando menos se espera e que devem, portanto, ser exterminados ou, quando isto se torna impossível, ser combatidos da maneira mais violenta e fácil possível. O camponês tradicional e o agricultor orgânico moderno sabem que a praga é sintoma, não causa do problema. Com um manejo adequado do solo, adubação orgânica, adubação mineral insolúvel, adubação verde, consorciações, rotação de cultivos, cultivares resistentes e outras medidas que fortifiquem as plantas, eles mantêm baixa incidência de pragas e moléstias das plantas. O paradigma da indústria química não leva em conta estes fatores. Combate sintomas e não procura as causas.
Dentro desta visão, a agricultura, que deveria ser o principal dos fatores de saúde dos homens, é hoje um dos principais fatores de poluição. Uma das formas insidiosas de poluição. O leigo vê a fumaça que sai das chaminés, dos escapes dos carros, vê a sujeira lançada nos rios. Mas, quando compramos uma linda maçã na fruteira da esquina, mal sabemos que esta fruta recebeu mais de trinta banhos de veneno no pomar e, quando entrou no frigorífico, foi mergulhada em um caldo de mais outro veneno. Alguns dos venenos são sistêmicos. Quer dizer, eles penetram e circulam na seiva da planta para melhor atingir os insetos que se alimentam sugando a seiva. Não adianta lavar a fruta.

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