Bem-Vindo,
Arroz Socado
Arroz
parcialmente polido pode ser superior ao integral
Leonard Jacobs
Historicamente, o arroz integral não tem
sido consumido nem recomendado pelos povos da Ásia ou qualquer outra região
onde o arroz constitui o alimento principal. Há mais de cinquenta anos,
entretanto, muitos ocidentais começaram a ingerir o arroz não polido como
gênero alimentício básico.
O arroz integral não polido é um alimento
consideravelmente novo para os ocidentais. Até a década de cinquenta do século
passado, quando George Ohsawa, o sistematizador da macrobiótica, e seus
discípulos começaram a divulgar no Ocidente as propriedades curativas do arroz
integral, era ele artigo praticamente indisponível. Hoje consumimos anualmente
centenas de toneladas de arroz integral em bolos, biscoitos e como grão
inteiro.
O arroz branco está para o arroz integral
assim como a farinha de trigo branca está para a farinha de trigo integral. No
polimento do arroz, a película é removida, ou seja, o grão é separado de sua
camada externa, parte bastante nutritiva do alimento, rica em minerais,
vitaminas e fibras. Numerosos estudos demonstram que a fibra presente na
película do arroz pode ser altamente eficaz na redução dos níveis de colesterol
no sangue. A fibra também se mostrou muito benéfica na regularização do
movimento intestinal.
Embora tenha uma parte dos ocidentais se
acostumado com o arroz completamente integral e outra parte com o arroz
completamente polido, existe uma terceira opção. No Oriente, pode-se selecionar
a porcentagem do polimento do arroz para consumo diário. Os consumidores podem
solicitar, numa cooperativa de agricultores ou numa loja, que o arroz seja
polido conforme o gosto deles. É raro a escolha incidir sobre o arroz
completamente polido tanto quanto sobre o arroz completamente integral.
Historicamente, os povos têm refinado
parcialmente a farinha de trigo e semipolido o arroz integral. Rudolph
Ballentine, diretor do Himalayan Institute e autor de Diet & Nutrition,
alerta contra o risco que representa para saúde o consumo exagerado da fibra do
grão integral. Ele afirma que “o ácido fítico dos grãos integrais pode
interferir negativamente na absorção dos minerais e vitaminas que os próprios
grãos contêm.” Ballentine recomenda que utilizemos arroz semipolido e farinha
de trigo semirrefinada no dia a dia.
Ballentine, entre outros, também
questiona a eficácia do uso da fibra do arroz e do trigo integrais como
depurador intestinal. Embora os intestinos funcionem com mais regularidade
quando ingerimos arroz completamente integral com frequência, a fibra pode,
efetivamente, irritar a parede intestinal. A fibra auxilia os intestinos a
manter a regularidade funcional; mas, tal como os laxativos, ela pode também
enfraquecer o revestimento intestinal.
De acordo com Alcan Yamaguchi, um
professor de macrobiótica do Japão e contemporâneo de George Ohsawa, o grão
original recomendado por Ohsawa era “o arroz integral polido aproximadamente 30
a 40%.” Yamaguchi recorda que Ohsawa estimulava seus discípulos japoneses a
adotarem o arroz semipolido como alimento básico diário. Quando o mestre
japonês começou a ensinar macrobiótica no Ocidente, descobriu, entretanto, que
não havia máquinas de polir naquela região do globo. Consequentemente resolveu
adaptar suas recomendações àquela realidade, e passou a sugerir o arroz 100%
integral, pensando ser esta variedade melhor que a totalmente refinada.
Os ocidentais habituados à forte
fragrância e à textura um pouco resistente do arroz integral ficam surpresos
quando experimentam pela primeira vez o arroz semipolido. Ele é mais leve e
mais macio, ao mesmo tempo que mantém um extraordinário aroma de nozes. Ele
ainda preserva as vitaminas do complexo B presentes na fibra – e, contanto que
vegetais e frutas sejam consumidos regularmente, haverá quantidade suficiente
de fibras na dieta. Note-se também que o arroz socado cozinha muito mais rápido
e é mais digerível que o totalmente integral.
Se o polimento for inferior a 50%, as
vitaminas e minerais essenciais serão preservados, ao passo que o excesso de
fibra não digerível será eliminado. O farelo pode ser coletado, reservado e
usado com diferentes finalidades. Os japoneses fabricam uma saborosa conserva
mergulhando vegetais numa mistura de sal, água e farelo de arroz (nuka). Eles
também descobriram que um saco de gaze grosseira de algodão cheio de nuka,
quando umedecido, faz as vezes de um sabonete cremoso excelente para peles
delicadas. Talvez os ocidentais engenhosamente proponham outros usos para o
farelo de arroz, caso o arroz semipolido venha a ser largamente consumido.