quarta-feira, 2 de novembro de 2011

HIROSHI SEÓ E A ECOVILA CLAREANDO




Hiroshi Seó e a Ecovila Clareando



Hiroshi Seó, com sua obra Unidade da Vida: Manual de Agricultura Natural, fez que muitos abandonassem a rotina artificial das cidades e adotassem um estilo de vida mais autêntico e próximo à Natureza. Entre os vários assuntos abordados na obra  ‒ restauração dos solos, pragas e doenças de plantas, alimentação ecológica e integral, tecnologias alternativas ‒, a fermentação de alimentos era o meu preferido. Hiroshi, aguçando ainda mais meu interesse, prometia um novo livro no qual apresentaria com mais detalhes a tecnologia das fermentações naturais. Já lhe dera até um nome: A Harmonia com os Micro-Organismos.

Em vão esperei o tão ansiado livro. Do próprio Hiroshi não tivera mais notícias. Talvez, pensei com meus botões, nem se encontrasse mais no país, dada sua alma genuinamente buscadora.

Minha hipótese, contudo, não correspondia à realidade. Hiroshi estava mais perto do que eu pensava e, o que é mais importante, pondo em prática aquilo que aprendera.

Na Ecovila Clareando, entre Piracaia e Joanópolis, a uma hora e meia da capital paulista, vemo-lo às voltas com a produção de tijolos de adobe, com a preservação de sementes naturais, com a plantação de bambu japonês, com o sistema lavoisier de esgoto.

Vemo-lo ainda envolvido com a plantação de feijão-guando. Esta espécie de feijão produz duas vezes por ano, durante cinco anos. Quando verde, é preparado tal qual a ervilha; quando seco, tal qual a lentilha. As folhas do arbusto servem de alimento para cabritos e galinhas; as flores são a delícia das abelhas. Quando morre, as raízes já atingiram três metros de profundidade, adubando a terra e perfurando o solo para a água da chuva penetrar; e o tronco, para saciar a fome das lareiras e dos fogões, logo se transforma em lenha. Como bem observa Hiroshi, trata-se de uma planta que não conhece limites para suas doações.

Quão diferentes de um pé de feijão-guando somos nós, humanos! Vivemos em média quinze vezes mais; mas que frutos produzimos durante a existência, que legado deixamos após a morte?

Mas ainda é tempo de emendarmo-nos. Peçamos ao pé de feijão-guando, mui humildemente, que nos aceite como discípulos.


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