Raiz
de lótus seca, um alívio portátil
Jan Zaitlin
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ratico macrobiótica há mais
de vinte anos, e continuo me surpreendendo com o muito que ainda temos de
aprender sobre a energética dos alimentos. Meu propósito neste artigo é
contar-lhes como descobri o poder da raiz de lótus seca.
Certa vez, durante um voo de São Francisco à Costa
Leste, sem motivo aparente, meus olhos começaram a lacrimejar e meu nariz a
escorrer. Socorri-me em vão de montanhas de lenços e guardanapos, pois as
eliminações corriam sem trégua. Percebi que o passageiro ao meu lado, com toda
a razão, ficou extremamente incomodado.
Minutos depois, tive a plena consciência de que todo
aquele contratempo não era senão o resultado da ingestão descontrolada de
alimentos yin na noite anterior.
Tentei pressionar alguns pontos de shiatsu, mas não
obtive melhora. Lembrei-me então de que, ao me preparar para a viagem, havia
jogado algumas fatias de lótus seca na minha bagagem de mão. É que a amiga que
me acomodaria, sofrendo de terríveis hemorroidas, ligou-me desesperada pedindo
que eu levasse algo para aliviar suas dores. Consultei o volume Macrobiotic Path to Total Health e
separei um bom punhado de raiz de lótus seca. Sem ter muito com que contar,
lancei à boca cerca de uma colher de chá daqueles pedaços da lótus seca. Pus-me
a mastigá-los muito bem, e em poucos minutos todos os meus sintomas tinham desaparecido.
Foi como se uma esponja tivesse absorvido todo o líquido que saía de meus olhos
e de meu nariz. Desnecessário dizer que, depois dessa experiência, as fatias de
raiz de lótus seca tornaram-se um de meus suprimentos de viagem mais
importantes.
A melhor parte da história, entretanto, começou quando
cheguei ao apartamento de minha amiga. Logo após levar as malas para o quarto
de hóspedes, dirigi-me à cozinha a fim de preparar-lhe uma beberagem com a raiz
de lótus seca, umeboshi e araruta. Na manhã seguinte, minha amiga experimentou
um alívio significativo de sua embaraçosa e desconfortável aflição. Dei-lhe o
restante da raiz de lótus, e ela prometeu reduzir o consumo de frutas e
aumentar o de grãos integrais e vegetais.
Tenho constatado que a raiz de lótus seca também é
eficaz em outras situações. Na primavera passada, eu passeava com outra amiga
quando ela me contou que sofria de febre do feno. Participou-me que o incômodo
era tão grande, que interferia até mesmo em seu trabalho. Ela não conseguia
parar de espirrar; e as lágrimas que fluíam desmedidamente de seus olhos
impediam-na de se concentrar. Dei-lhe
algumas fatias de raiz de lótus seca e disse-lhe que, ao avizinhar-se uma
crise, ou fizesse com elas um chá ou simplesmente as mastigasse o mais possível.
Dias depois, ela ligou perguntando: “Que espécie de substância é essa, e onde
posso adquiri-la?” A lótus melhorou sua qualidade de vida.
Uma terceira amiga relata-me que mastigar lótus antes de
dormir a tem ajudado em seus episódios de ansiedade, acalmando-a o suficiente
para cair no sono.
A raiz de lótus seca também vem a calhar quando ingerimos
um pouco mais de yin em quaisquer restaurantes. Recentemente eu e um amigo
saímos para experimentar um prato indiano. Reparei que depois do jantar, no
caminho de volta, estávamos ambos com a garganta “arranhando”. Sugeri que
mastigássemos uma pequena fatia de lótus seca. O efeito foi tão impressionante,
que meu amigo julgou tratar-se de um truque de mágica.
Tudo indica que a raiz de lótus fresca é ao menos tão
eficaz quanto sua versão desidratada. Contudo, é muito mais fácil manter a raiz
de lótus seca na dispensa ou na bolsa. Seu prazo de validade é bastante longo.
Embora seja muito melhor evitar escolhas alimentares que provocam
desequilíbrio, o fato é que a vida acontece...
É por isso que hoje, em meu estojo macrô de
primeiros-socorros, a raiz de lótus seca não pode jamais faltar.