Num dia de outono em Kyoto
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ntérprete originalíssimo da
sabedoria oriental, George Ohsawa veio ao mundo a 18 de outubro de 1893, em
Kyoto, Japão. Ele próprio, numa prosa algo poética, escreveu sobre o seu
nascimento na revista Kusa, que publicou na Índia em 1954:
“Antiga capital do
Japão e centro do Budismo fundado há cerca de 1.300 anos pelo Imperador Kanmu,
Kyoto abriga mais de quatrocentos templos e quase todas as sedes das várias
seitas em que a religião do Buda se desmembrou. Este ponto de convergência do
Budismo circunda-se de esplêndidas montanhas verdejantes em cujas encostas e
topos se veem vários templos e pagodes.
Na extremidade
ocidental da cidade e no sopé do Monte Atago, encontra-se um grande rio
esmeralda serpenteando calmamente para o interior da bacia de Kyoto, após
descer em torrentes e corredeiras ziguezagueantes por vales rochosos cobertos
na primavera de vegetação verde escura intercalada com rubras e inflamadas
azaleias. Nas margens e nas montanhas de ambos os lados desse fluxo
serpenteante verde-esmeralda, há milhares e milhares de cerejeiras que
florescem em abril e tingem com sua cor inebriante a superfície das águas. Cruzando-o,
há uma extensa ponte de madeira, no acesso à qual está localizado um templo
budista muito antigo.
Num dia de outono
de 1893, um jovem casal passava ao longo dos portões cobertos de musgos daquele
templo. Eram dois aventureiros vindos de uma região remota do país tentando a
sorte na velha capital. Carregavam sua bagagem no dorso e nas mãos. Repentinamente,
a jovem esposa suplicou ao marido que interrompessem a marcha. Ali, em frente a
um dos portões do templo, deu ela à luz um menino.”
Sistematizador do
Princípio Único do Yin e Yang, cuja tradução dietética corresponde ao que
outrora chamávamos macrobiótica, Ohsawa nos legou vários ensinamentos.
Reproduzo aqui um dos mais instigantes:
"No Reino da
Vida, não existem escolas nem universidades, porque o próprio Universo Infinito
é a escola eterna. Não há mestres; ou melhor, não há senão mestres, porque cada
um deve aprender de todas as coisas e de todas as pessoas dia e noite,
sobretudo de um inimigo forte e incansável; sem inimigos, tornamo-nos
preguiçosos, fracos e estúpidos."
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