sábado, 31 de outubro de 2015

Num dia de outono em Kyoto

Num dia de outono em Kyoto



I
ntérprete originalíssimo da sabedoria oriental, George Ohsawa veio ao mundo a 18 de outubro de 1893, em Kyoto, Japão. Ele próprio, numa prosa algo poética, escreveu sobre o seu nascimento na revista Kusa, que publicou na Índia em 1954:

“Antiga capital do Japão e centro do Budismo fundado há cerca de 1.300 anos pelo Imperador Kanmu, Kyoto abriga mais de quatrocentos templos e quase todas as sedes das várias seitas em que a religião do Buda se desmembrou. Este ponto de convergência do Budismo circunda-se de esplêndidas montanhas verdejantes em cujas encostas e topos se veem vários templos e pagodes.

Na extremidade ocidental da cidade e no sopé do Monte Atago, encontra-se um grande rio esmeralda serpenteando calmamente para o interior da bacia de Kyoto, após descer em torrentes e corredeiras ziguezagueantes por vales rochosos cobertos na primavera de vegetação verde escura intercalada com rubras e inflamadas azaleias. Nas margens e nas montanhas de ambos os lados desse fluxo serpenteante verde-esmeralda, há milhares e milhares de cerejeiras que florescem em abril e tingem com sua cor inebriante a superfície das águas. Cruzando-o, há uma extensa ponte de madeira, no acesso à qual está localizado um templo budista muito antigo.

Num dia de outono de 1893, um jovem casal passava ao longo dos portões cobertos de musgos daquele templo. Eram dois aventureiros vindos de uma região remota do país tentando a sorte na velha capital. Carregavam sua bagagem no dorso e nas mãos. Repentinamente, a jovem esposa suplicou ao marido que interrompessem a marcha. Ali, em frente a um dos portões do templo, deu ela à luz um menino.”

Sistematizador do Princípio Único do Yin e Yang, cuja tradução dietética corresponde ao que outrora chamávamos macrobiótica, Ohsawa nos legou vários ensinamentos. Reproduzo aqui um dos mais instigantes:

"No Reino da Vida, não existem escolas nem universidades, porque o próprio Universo Infinito é a escola eterna. Não há mestres; ou melhor, não há senão mestres, porque cada um deve aprender de todas as coisas e de todas as pessoas dia e noite, sobretudo de um inimigo forte e incansável; sem inimigos, tornamo-nos preguiçosos, fracos e estúpidos."


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