segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Os Perigos do Leite


Os Perigos do Leite


“Durante uma entrevista matinal, transmitida ao vivo pela TV em todo o país, o pediatra mundialmente famoso Benjamin Spock foi inquirido sobre se havia em sua trajetória algo de que pudesse se arrepender. ‘Quisera ter descoberto, sessenta anos atrás, quão perigoso é o leite para nossas crianças’, respondeu ele. A transmissão foi, abruptamente, interrompida.”
Com este episódio – que não deixa dúvidas sobre o poder da indústria de laticínios –, Patricia Murray abre o artigo Breast is for Baby* em que expõe os inconvenientes éticos e fisiológicos da ingestão do leite e seus derivados. Antes de fazê-lo, entretanto, a autora enfoca as transformações por que passam as glândulas mamárias da mulher tendo em vista as necessidades do rebento.
Lembra-nos Patricia Murray que a partir de segundo trimestre de gravidez as glândulas mamárias das mulheres se transformam: “Elas crescem e se expandem a fim de aumentar a capacidade de armazenamento.” Alguns dias antes e depois do parto, as mamas produzem um líquido amarelado, rico em anticorpos, chamado colostro. O colostro garante a imunidade do bebê a doenças por aproximadamente um ano. Segue-se então a fase de adaptação das mamas a uma nova função: o corpo da mãe transforma o alimento em sangue, e a partir do sangue as mamas produzem leite. Durante um ano ou mais, desempenham elas esse insubstituível papel de fabricar o alimento perfeito para o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso da criança.
Demonstrada a conformidade entre o leite humano e o organismo do rebento humano (o que seria óbvio não fôssemos nós criaturas assombrosamente estúpidas), Patricia Murray volta-se então para a análise do leite de vaca.
Um dado recolhido pela autora logo nos chama a atenção: os nutrientes fornecidos pelo leite de vaca foram projetados pela natureza para, no decorrer de um ano, transformar um bezerro de 50 kg num boi de 400 kg. Trata-se de um alimento entre cujas características está um forte estímulo ao crescimento. Portanto, não fiquemos surpresos se as meninas de hoje, consumidoras insaciáveis de laticínios, menstruam aos 11 anos.
Outra desvantagem resultante da ingestão do leite e seus derivados diz respeito às substâncias artificiais ministradas aos rebanhos e encontradiças nos laticínios. Patricia Murray enumera as principais: hormônios para aumentar o úbere e, consequentemente, a produção de leite; antibióticos para combater as doenças do úbere; sedativos para tornar suportáveis as condições insuportáveis nas quais os rebanhos são obrigados a viver; e o hormônio recombinante de crescimento bovino (Posilac). É preciso adicionar a essa lista já condenável o pus proveniente da inflamação dos úberes (mastite).
Como se não bastassem os inconvenientes fisiológicos dos laticínios, a autora descreve ainda as condições cruéis em que são mantidos os animais, conduzindo seu artigo para o terreno da ética.
O cenário apresentado por Patrícia Murray mostra, com precisão, o grau de insanidade a que chegamos. Os bezerros, arrancados das mães e confinados assim que nascem, berram até o esgotamento de suas forças. As vacas, em decorrência da inflamação e do volume dos úberes, experimentam dores terríveis. Quem, em sã consciência, poderia impingir a criaturas tão mansas sofrimentos tão grandes?
Aqueles que, não obstante as denúncias de Patricia Murray, ainda se sentem atraídos pelo leite e seus derivados devem se pautar pelos seguintes critérios: ingerir pequena porção do produto (por exemplo, uma pitada de queijo numa tortilha) e verificar-lhe a procedência (é imprescindível que as vacas não sejam alvo da nossa crueldade nem da administração de substâncias químicas).
             * Publicado na revista Macrobiotics Today de janeiro/fevereiro de 2011.

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