A
Crise na Medicina
Max Otto Bruker
“A
ciência médica fez tanto progresso nas últimas décadas,
que hoje, praticamente,
não
existe mais nenhuma pessoa sadia!"
E
|
sta frase de Aldous Huxley combina bem
com aquilo que gostaria de expor. Estamos hoje diante de um fato estranho: mais
e mais pessoas adoecem de mais e mais doenças. Fala-se abertamente de uma crise
na medicina. A medicina acadêmica — por incrível que pareça — não se preocupa
com as causas das doenças: deixa a doença aparecer e trata dela investindo uma
fortuna. Só trata dos sintomas. Porém, a verdadeira cura só é possível quando
nos preocupamos com as causas.
Se
alguém tem uma doença no joelho, o joelho não é a causa; a causa pode ter sido
uma queda. Quando alguém tem uma doença mental, a mente não é a causa; a causa
pode ser o estresse. A causa não é o fígado, não é a tiroide. A doença se
desenvolve no fígado ou na tiroide, mas a causa é anterior.
Quando
o doente quer saber a causa do seu mal-estar, pode escutar do médico: “São
problemas de circulação”. O doente nem percebe que seus problemas de
circulação, na realidade, são um sintoma de doença. Ele deveria perguntar: “De
onde vêm os problemas de circulação?”
Outras
vezes o doente ouve: “Isso vem do fígado”, “Isso vem da tiroide”, “Isso vem da
coluna”, “Isso vem dos hormônios”, “Isso vem do sistema nervoso”. O doente
aceita tudo.
O
doente quase sempre sofre de uma única doença. Mas essa doença se manifesta
através de muitos sintomas que ele conta para o médico. Como o médico não
conhece as causas, prescreve um medicamento para cada sintoma. Mas cada sintoma
é um sinal de perigo. Imagine se a estrada de ferro desligasse todos os sinais
para deixar o trem passar — quantos acidentes! É isso, em princípio, o que a
medicina faz hoje.
O
doente chega com um saquinho, uma sacola ou até com uma mala inteira e espalha
diante de mim os seus remédios. Diz: “Isto aqui é para a pressão; isto é para o
sono; isto é para o coração; isto é para a circulação; isto é para a prisão de
ventre...’’ Para cada sintoma ele tem um remédio especial. Existem doentes que,
diariamente, tomam 30 medicamentos diferentes.
Eu
pergunto: — Há quanto tempo está tomando isto?
—
Bem, este eu tomo há cinco anos; isto aqui o médico me receitou faz oito anos;
e este eu preciso tomar sempre.
É um absurdo tomar o mesmo remédio ano após
ano.
Sempre
pergunto: — O remédio ajudou?
—
Acho que não, continuo na mesma.
Então
eu digo: — Jogue fora.
Por
outro lado, se o medicamento já fez efeito, por que devemos continuar tomando?
Imaginem alguém com pneumonia. Ele recebeu penicilina e sarou, mas continua
tomando penicilina durante anos a fio, com medo de ficar com nova pneumonia.
O enfarte do
miocárdio
Veja
o que acontece, por exemplo, no enfarte do miocárdio. Para ocorrer um enfarte,
são necessários cerca de 40 anos de má alimentação que, pouco a pouco, provoca
depósitos na parede dos vasos que irrigam o coração. Quem não conhece esta
causa real apresenta uma série de causas aparentes.
Dizem
que o enfarte é provocado por pressão alta. A pressão alta não é uma causa. A
pressão alta tem uma causa. Pode ser causada por alimentação errada. Também
pode ser provocada pelo tipo de vida que a pessoa leva. Nesse caso, é
necessário ajudar o doente a diminuir o seu estresse. A pressão é um sintoma e
não uma causa.
Outros
dizem que a causa do enfarte é o excesso de colesterol no sangue. O colesterol
é vital e, quando a pessoa não recebe colesterol pela alimentação, o próprio
organismo produz. Uma indústria alimentícia conseguiu, em poucos anos, levar o
povo alemão a deixar a manteiga para consumir margarina, um produto
industrializado, inferior: “A manteiga é perigosa, contém colesterol e o
colesterol provoca doença", afirmava a indústria.
Os
médicos deveriam dizer: “Isto é besteira!" Mas, como na faculdade de
medicina pouco se aprende sobre nutrição, eles ignoram a realidade e até hoje
encontramos, em bons hospitais, margarina em vez de manteiga.
Outros
assinalam que muitos diabéticos têm enfarte. Isso é verdade. Foi comprovado
que, após 10 anos de diabete, aparece uma arteriosclerose. A arteriosclerose,
porém, nada tem a ver com a diabete. Aparece em decorrência do tratamento
errado. Dizem ao doente: “Você não deve comer carboidratos, mas bastante
carne”. Assim, a arteriosclerose é provocada por um excesso de proteína animal
e não pela glicose no sangue.
A
falta de exercícios também é vista como causa do enfarte. A falta de exercício
não provoca o enfarte, mas um belo impulso econômico. Vendem-se mais
bicicletas, tênis e trajes esportivos. É claro que as pessoas precisam fazer
exercícios, mas quando se alimentam errado, a falta de nutrientes não pode ser
compensada com uma corrida.
Outros
ainda culpam o fumo. Porém, fumar não causa enfarte. A nicotina provoca uma
série de danos no organismo. Mas, quando a pessoa se alimenta direito e não há
depósitos nos vasos do coração, ela pode fumar e não vai ter enfarte.
Entretanto, quando a pessoa se alimenta de forma errada, o fumo é um fator
agravante. O estreitamento provocado por ele pode diminuir o vaso já reduzido
pelos depósitos a ponto de ocorrer o enfarte.
Finalmente,
dizem que o enfarte pode ser provocado pelo estresse — por uma carga emocional
excessiva. Não é verdade! Se os vasos estiverem perfeitos, o choque não vai ser
suficiente para levar ao enfarte. É preciso que a pessoa tenha se alimentado
mal durante 30 ou 40 anos para que os vasos estejam tão alterados que um choque
emocional vá desencadear o enfarte.
Esses
são alguns exemplos que mostram as acrobacias mentais necessárias na medicina
acadêmica quando as causas das doenças são desconhecidas. Passaram a dizer: “É
verdade, tudo isso não são causas, são fatores de risco".
Começamos pela
alimentação
Em
cada doença podemos encontrar um elemento relacionado com a alimentação. Mas a
doença também está relacionada com a vida do doente. Começamos sempre com a
alimentação, porque é mais fácil mudar a alimentação do que as condições de
vida. Não podemos trocar, de hoje para amanhã, o cônjuge ou os filhos. Mas
podemos comprar alimentos diferentes. Por isso começamos, para qualquer tipo de
doença, com as falhas na alimentação. O doente percebe que não estava certo o
que vinha fazendo há décadas. Então se dispõe a examinar se também é possível
modificar alguma coisa em outras áreas.
Existe
um grande problema: as doenças provocadas pela alimentação têm uma evolução
muito lenta — de 20 a 40 anos. Podemos nos alimentar de forma errada durante
muito tempo, sem nada perceber. Aparentemente permanecemos bem. O longo período
entre causa e efeito encobre o relacionamento entre alimentação e doença.
Há,
entretanto, uma exceção: a cárie dental. Na boca é possível ver, relativamente
depressa, se a pessoa se alimenta direito. Hoje, quase todas as crianças de 10
anos já têm cáries. Isto é uma degeneração do homem civilizado que também afeta
os demais órgãos.
As
doenças da civilização provocadas pela má alimentação têm, todas elas, a mesma
causa — o consumo de alimentos industrializados.
Vou
enumerar as doenças comprovadamente provocadas pela falta de alimentação
adequada:
• nos dentes temos a cárie e, 20 anos
mais tarde, aparece a paradontose;
• ao mesmo tempo, temos as doenças do
aparelho locomotor: doenças degenerativas como artrose, espondilose na coluna
vertebral e doenças inflamatórias como artrite e poliartrite. Não encontramos
nenhuma pessoa com doença do aparelho locomotor que não tenha, simultaneamente,
cáries ou paradontose;
• a seguir, temos as doenças do
metabolismo. Muitas das assim chamadas ‘‘doenças do fígado’’ aparecem quando
este não consegue realizar o seu trabalho, por falta de determinados
nutrientes. Quando acrescentamos esses nutrientes, em poucos meses o fígado
funciona perfeitamente, apesar de o doente ter ouvido: ‘‘Vai ter uma cirrose,
não há mais nada a fazer!’’ As doenças do metabolismo incluem os cálculos
biliares e renais, a gota, a diabete e a obesidade. A obesidade não é provocada
por excesso de alimentação. A gordura não se transforma em gordura dentro do
corpo humano. Ocorre uma transformação. A obesidade é provocada pela carência
de certos elementos vitais. A rigor, trata-se de uma desnutrição. Quando se
alimenta de forma correta, o doente pode comer bastante e, mesmo assim, perder
peso, porque está melhorando;
• a maioria das doenças do aparelho
digestivo tem sua origem na alimentação: prisão de ventre, doenças da vesícula
biliar, do pâncreas, do intestino delgado e grosso;
• no aparelho circulatório aparece a
arteriosclerose, que leva ao enfarte do miocárdio. Ela é provocada por
depósitos nos vasos sanguíneos, e algo semelhante leva à trombose ou ao derrame
cerebral. Todos são distúrbios metabólicos decorrentes de décadas de alimentação
errada;
• a tendência para contrair infecções
entra aqui. Os resfriados, por exemplo, não têm nada a ver com o frio, mas com
a falta de resistência contra bactérias. A pessoa sadia, com boa defesa
imunológica, não adoece. Durante o tratamento alimentar, os pacientes nos
dizem: ‘‘Antigamente eu sempre ficava resfriado, mas desde que estou me
alimentando de forma diferente, há 2 anos não fico resfriado’’;
• finalmente, podemos acrescentar 50%
dos casos de câncer, para os quais existem muitos outros fatores. Em 1900, para
cada 30 óbitos havia 1 caso de câncer. Hoje, temos um caso de câncer em cada 5
óbitos. Isso não pode ser atribuído apenas à alimentação. É decorrente, também,
da poluição do meio ambiente, que mata as florestas, os animais e o homem.
Causas das
doenças provocadas pela alimentação
De
maneira simplificada, podemos dizer que são causadas pela industrialização dos
alimentos. Há 100 anos começaram a pesquisar o que realmente ingerimos quando
comemos uma batata, uma verdura etc. Constataram que existem três micronutrientes
(proteínas, gorduras e carboidratos) e concluíram que o homem está bem
alimentado quando recebe proteína, gordura e carboidratos em quantidade
suficiente. Assim, a indústria alimentícia começou a criar alimentos concentrados.
Para
digerir os micronutrientes, precisamos de elementos vitais biológicos. Todos os
alimentos que estão vivos na natureza contêm esses elementos vitais. Primeiro
descobriram as vitaminas e os sais minerais. Começaram, então, a incluir na alimentação
vitaminas produzidas em laboratório. Mas existem muitos elementos vitais que
não conhecemos e não podemos substituí-los por um produto de laboratório.
Vou
explicar a industrialização dos alimentos tomando o pão como exemplo.
Antigamente, o pão era produzido de grãos integrais, moídos. Quando os
cientistas disseram que a parte essencial do grão era o miolo — um carboidrato
— começaram a eliminar o farelo e o germe para moer apenas o miolo. Aí surgia a
farinha branca. Hoje, o arroz e outros cereais também são alterados dessa
forma, eliminando os elementos vitais que estão no farelo e no germe.
A
conservação é outro motivo para alterar os cereais. Com a aparição das grandes
cidades, era importante ter uma farinha que não deteriorasse. Quando moemos o
grão inteiro, a farinha facilmente fica rançosa porque o germe contém óleo.
Produzir farinha que pode ser guardada durante vários anos foi considerada uma
descoberta incrível, um progresso enorme. Por isso, todos os moinhos têm hoje
um dispositivo que elimina o farelo e o germe, moendo apenas o miolo. É essa
descoberta que representa o nascimento das doenças da civilização, provocadas
pela má alimentação.
Outra
causa dessas doenças é o açúcar industrializado, em todas as suas formas
(açúcar branco, frutose, glicose etc.). O açúcar também é um carboidrato.
Para
serem transformados dentro do organismo, os carboidratos precisam
principalmente de vitamina B1. Os fornecedores principais desta vitamina são os
cereais integrais. Quando beneficiamos os cereais, retirando as camadas
externas do grão, eliminamos a vitamina B1. O consumo de farinha branca e arroz
branco provoca uma carência crônica de vitamina B1. A combinação de cereais
refinados e açúcar branco agrava esta carência perigosa de vitamina B1 porque o
açúcar branco também utiliza vitamina B1 na sua transformação.
Prevenir
as doenças provocadas pela alimentação é relativamente fácil: em vez de arroz
branco e farinha branca precisamos usar alimentos integrais. Como o pão
integral é aquecido, alguns elementos vitais se perdem. Para compensar esta
perda, adicionamos algum cereal germinado às hortaliças.
Muitas
pessoas não suportam bem a mudança para pão integral e produtos de farinha
integral — por causa do açúcar industrializado. Estudos mostram que, ao passar
para produtos integrais, os alimentos contendo açúcar refinado provocam
indisposição. O açúcar refinado pode provocar mal-estar abdominal, sensação de
peso, gases e até dores. Por isso, só podemos mudar a alimentação retirando o
açúcar refinado no momento em que passamos para cereais integrais.
Para
garantir a presença dos elementos vitais necessários, como vitaminas e enzimas,
a comida precisa conter uma boa porção de hortaliças não aquecidas. Também é
preciso evitar as gorduras refinadas e voltar para as naturais, como a manteiga
ou os óleos extraídos a frio.
Se
as pessoas seguissem estes poucos princípios, dentro de 30 ou 40 anos as
doenças teriam diminuído consideravelmente.
Saúde, um
problema de informação
Naturalmente,
seria necessário informar a população sobre estes fatos. Porém, isso é difícil,
porque os médicos sabem pouco sobre a relação entre alimentos e doenças e
porque as indústrias alimentícias se tornaram uma potência mundial, que tomou
para si a informação da população. Todos nós somos manipulados.
Os
grupos que defendem os interesses financeiros estão hoje dentro do governo.
Quando é preciso tomar uma decisão em que interesses econômicos se opõem a
interesses de saúde, são sempre os interesses econômicos que acabam vencendo. E
assim, temos um povo doente.
A
cárie dental é um exemplo. Ela é consequência pura e simples do consumo de
carboidratos refinados (principalmente açúcar branco). Seria necessário
esclarecer a população para diminuir o consumo de doces e refrigerantes.
Acontece exatamente o contrário. Na televisão, a propaganda oferece, sem parar,
informações erradas do tipo: ‘‘O organismo precisa de açúcar’’. É claro que o
organismo precisa de açúcar, mas não do refinado, pois todos os carboidratos se
transformam em açúcar.
A
Secretaria de Saúde divulga que é possível diminuir a cárie, escovando melhor
os dentes, utilizando pasta de dentes com flúor, tomando comprimidos de flúor
ou adicionando flúor à água potável. Mas a cárie não é uma doença provocada
pela carência de flúor. Toda essa manobra procura somente encobrir o açúcar
refinado como causa da cárie. Nos debates dizem: ‘‘Mesmo se a gente dissesse
que existe uma ligação, ninguém iria seguir os conselhos; por isso não dizemos
nada!’’ Assim, nossas crianças já recebem flúor desde o nascimento ‘‘para
evitar a cárie’’ e ninguém divulga que o flúor é um veneno.
Precisamos
ser menos ingênuos e procurar nos informar melhor sobre os problemas que estão
por trás desta situação. Não se trata de problemas médicos, mas de problemas na
política de saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário