Medicina Preventiva Educativa
Tomio Kikuchi
T
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udo que existe e acontece em nosso mundo formal/funcional tem sua
razão de ser. Somos alavancas vivas, vivalavancas, e como toda alavanca,
temos que obedecer à ordem da principalidade
e complementariedade, ou seja, saber
a cada instante dimensionar os braços da alavanca para realizarmos o mínimo de
esforço e obter o máximo de resultado. Quando invertemos esta ordem entre o
principal e o complementar, entre a necessidade e o desejo, consequentemente
encontramos um processo mais patológico: a doença.
Portanto, para restabelecer a
ordem fisiológica normal é só desinverter
a alavanca, corrigindo as proporções entre necessidade e desejo, principal e complementar.
Principal na vida é a necessidade, complementar o desejo.
Nós somos seres integrados: não dá
para separar o corpo da mente; também não dá para separar o homem do universo, os
micros e os macros organismos. Vivemos relacionados ao micro e ao macro. Nós não
sobreviveríamos se não fossem os inumeráveis micro-organismos que habitam nossa
flora intestinal, e da mesma forma não sobreviveríamos sem os inumeráveis macro-organismos
existentes (mundo vegetal, mundo animal, planetas, sol, estrelas).
Quem percebe esta realidade pode entender
que as doenças não são fruto do externo, não são obra dos vírus e bactérias
terroristas. As doenças são mecanismos de defesa utilizados pelo nosso corpo
para readquirir a sua normalidade fisiológica. Elas são o resultado do estilo
de vida desintegrado da ordem da existência. Quem, por ignorância, não sabe
controlar o que entra pela boca, tanto na qualidade como na quantidade, quem
não se movimenta adequadamente, quem não sabe respirar e quem não sabe pensar,
acaba perdendo sua própria imunidade, tornando-se assim meio propício para a
manifestação abusiva e desordenada dos diversos micro-organismos.
Deste ponto de vista, quando
analisamos o pensamento da medicina moderna atual, podemos constatar a sua
limitação, pois ele procura só exterminar, por exemplo, as supostas bactérias terroristas,
usando as bombas antibióticas, apegando-se somente ao sintoma e não procurando
resolver a causa do problema. O problema não são os vírus nem as bactérias, mas
sim o corpo que perdeu a sua imunidade normal por causa do estilo de vida desintegrado:
alimentação de péssima qualidade, movimentação insuficiente, respiração parcial
e pensamento exclusivista, egocêntrico.
Mesmo com todo o avanço científico
tecnológico, que propicia diagnósticos precisos, a solução sempre é péssima,
pois, infelizmente, a medicina perdeu a noção da integralidade da nossa
existência. O câncer, por exemplo, é a obra-prima deste estilo de vida moderno.
É o resultado das inumeráveis agressões cotidianas causadas pela alimentação
intoxicada pelos diversos corantes, estabilizantes, acidulantes, umectantes,
conservantes, hormônios, agrotóxicos e também pelos remédios químicos, pelos
tratamentos violentos e agressivos, como as cirurgias, quimioterapias e radioterapias.
O avanço científico e tecnológico não é sempre sinônimo de bem-estar ou de
solução.
Mas como corrigir-se, se mal se
sabe o que está errado? O que é ser normal? O que é normalidade fisiológica?
O oráculo de Delfos, onde Sócrates
descobriu a célebre frase “Conhece-te a ti mesmo”, já chamava a atenção para
importância do autoconhecimento. Autoeducação sem autoconhecimento é
impossível. Hoje as escolas e universidades não se preocupam em educar a
personalidade. O ensino é voltado somente para o lado profissional, formal e,
infelizmente, isto resulta em bons técnicos, mas péssimos conhecedores de si
mesmo, seres extremamente dependentes, ignorantes e desintegrados. Quem não
descobre a maravilhosa capacidade humana escondida dentro de cada um de nós
nunca vai poder transformar doença em saúde, ficando dependente e guiado pelo
externo, pelos interesses mercantilistas e consumistas da nossa sociedade
atual.
Quem desconhece a força de autorrenovação,
de autodefesa, de autopurificação, autosseleção, auto-operação, autodisciplinamento,
autojulgamento, autolibertação existente dentro de cada um de nós nunca
encontrará a solução para as doenças e para os problemas que inevitavelmente aparecem
na nossa existência. Por outro lado, quem, através dos inumeráveis treinamentos
cotidianos e da autodisciplina, desenvolve o autoconhecimento e a autopercepção
pode valorizar e agradecer até a doença, a miséria e a violência, pois saberá
como transformá-las em saúde, riqueza e segurança.
Assim o câncer deixa de ser uma
sentença fatal e se transforma numa mensagem, num aliado do organismo que quer
sobreviver e evoluir. Na realidade ele é um dos últimos mecanismos lançado pelo
organismo para corrigir os erros acumulados. O inimigo é que nos fortalece, os
vírus e as bactérias é que estimulam nosso corpo a recuperar sua imunidade; as
doenças é que estimulam nosso corpo a recuperar a normalidade fisiológica.
A Autoeducação Vitalícia, micromacrobiótica, através de seu estilo
de vida evolucionário, ensina-nos a viver conscientemente relacionados com a
natureza interna e externa, integrando micro
e macro-organismos, micro e
macrocosmo. E assim, através do autorreconhecimento e da autocorreção constantes,
possibilita a cada um de nós realizar-se como obra-prima da existência.
Cabe à medicina recuperar o seu
papel educativo e preventivo, pois sem a educação o ser humano nunca poderá
evoluir individual e solidariamente.
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