A
Atividade Predatória
do
Homem
Frederico
Engels
N
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ós não devemos nos vangloriar demais das nossas vitórias
humanas sobre a natureza. Para cada uma destas vitórias, a natureza se vinga de
nós. É verdade que cada vitória nos dá, em primeira instância, os resultados
esperados, mas em segunda e terceira instâncias ela tem efeitos diferentes,
inesperados, que muito frequentemente anulam o primeiro. As pessoas que, na
Mesopotâmia, Grécia, Ásia Menor e alhures, destruíram as florestas para obter
terra cultivável, nunca imaginaram que eliminando junto com as florestas os
centros de coleta e as reservas de umidade lançaram as bases para o atual
estado desolador desses países. Quando os italianos dos Alpes cortaram as
florestas de pinheiros da encosta sul, tão amadas na encosta norte, eles não
tinham a menor ideia de que agindo assim cortavam as raízes da indústria láctea
da sua região; previam menos ainda que pela sua prática eles privavam de água suas
fontes montanhesas durante a maior parte do ano [...] Os fatos nos lembram a
todo instante que nós não reinamos sobre a natureza do mesmo modo que um
colonizador reina sobre um povo estranho, como alguém que está fora da
natureza, mas que nós lhe pertencemos com nossa carne, nosso sangue, nosso
cérebro, que nós estamos no seu seio e que toda a nossa dominação sobre ela
reside na vantagem que levamos sobre o conjunto das outras criaturas por
conhecer suas leis e por podermos nos servir dela judiciosamente.
(O papel do trabalho na transformação do macaco em homem - 1876)
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