domingo, 4 de dezembro de 2011

Um Ohsawa Não Cerealista



Um Ohsawa Não Cerealista
                                                                     Ronald Kotzsch




A atração de Ohsawa pelos valores japoneses tradicionais evidenciara-se igualmente no seu envolvimento com a Shoku-Yō Kai.* Embora voltada para dieta, a organização também defendia a cultura e a moralidade autóctone contra as intrusões ocidentais. Em 1916 Ohsawa uniu-se oficialmente ao grupo: cedeu seu escritório em Kobe para distribuir alimentos da Shoku-Yō e passou a organizar congressos e conferências e a colaborar com artigos para a revista mensal da organização.

O primeiro deles discorria sobre a difícil situação por que passava a população aborígine Ainu, de Hokkaido, ilha localizada no extremo Norte do Japão. Naquela altura, mirando-se na política colonialista dos países ocidentais, o governo japonês impingiu aos Ainu o cultivo de arroz e a criação de gado leiteiro.  Ohsawa assinala que a cultura tradicional desse povo baseava-se na caça, pesca e coleta de plantas selvagens, e que tal diretriz econômica desprezara completamente o princípio de harmonia com o meio ambiente. Esta nova e imposta economia rural (e a dieta dela decorrente) levaria, segundo ele, à destruição biológica e cultural dos Ainu.


*A Shoku-Yō-Kai foi, de fato, a precursora das organizações macrobióticas. Tendo como mentor o médico japonês Ishizuka Sagen, contava, entre suas atividades, com a publicação de um periódico intitulado Shoku-Yō Shimbun . Na capa, abaixo do título, lia-se: “Revista dedicada à propagação da nova ciência do cerealismo estabelecida por Ishizuka Sagen.”

Digno de nota, portanto, é o fato de Ohsawa ter transposto o cerealismo de Ishizuka e adotado, ao menos nesse artigo, um critério mais abrangente, qual seja, o da harmonia com o meio ambiente e observância às tradições seculares. (N. do E.)

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