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tempos pretéritos, os povos viviam de acordo com um princípio comum. Em todos
os cantos do mundo, compartilhava-se o mesmo entendimento sobre a vida e a
sociedade. O mundo era uma só comunidade, e as pessoas se sentiam membros de uma
família planetária. Os líderes não eram políticos, mas anciãos, pois a idade constituía
o fator determinante na escolha das lideranças. No Extremo-Oriente, a palavra
equivalente a “professor” indica alguém que nasceu antes de nós; “Sensei”, o
termo japonês para “professor”, significa “nascido antes”. Não havia palavras
como “amo”, “senhor”, “chefe”. Os anciãos, portanto, eram os líderes por
excelência; e as lideranças secundárias surgiam entre homens ou mulheres com
dotes filosóficos e espirituais capazes de apreender a ordem do universo e
aplicá-la nos vários domínios da vida.
O governo
de fato não governava, no sentido de controlar e regular as pessoas, mas as
informava e educava. Esse papel educativo do governo pode ser comprovado ao
compulsarmos antigos documentos do Xintoísmo, a religião autóctone do Japão.
Outra função do governo consistia em assegurar os alimentos básicos e
necessários à vida e à saúde física, mental e espiritual da população. Esse
tipo de governo podia ser exercido quer por um único ancião reconhecido como
líder pela coletividade, quer por um conselho de anciãos.
Não
havia noção de lei, punição ou pecado. Predominava entre os líderes o
entendimento de que, violando o indivíduo as leis da natureza, mais cedo ou
mais tarde teria ele que lidar com a doença e a infelicidade. Dado que a ordem do universo se mostrava
implacável nesse aspecto, escusado seria punirmo-nos uns aos outros. As
lideranças tinham plena consciência de que a enfermidade podia ser curada pela
autorreflexão, a qual levava invariavelmente à mudança de alimentação e à reintegração
ao fluxo da natureza. Quando necessário, os anciãos atuavam como médicos e
curadores.
Uma
vez que não havia pecado como o concebemos hoje em dia, não havia também a
necessidade de um governo da punição, da força, de um governo que exercesse o
poder. Os governos atuais são baseados em leis artificiais, em leis criadas
pelos homens, e não na ordem do universo, na lei natural. Mas o governo da
força tende a desaparecer, pois as pessoas começam a se alimentar melhor e a contestar
os valores vigentes.
As
estruturas artificiais usadas para governar a sociedade se mostraram
ineficazes. Um novo governo, sem poder e leis artificiais, está sendo gestado
neste ambiente de contestação geral. Seu
perfil será o de um centro educacional e informativo. Quando nos referimos a um
governo mundial, é disso que estamos falando, de um governo baseado na lei
natural que representa e beneficia a todos. Os líderes desse governo não medem
esforços para educar e livrar da ignorância todos os cidadãos do mundo.