quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Correspondência entre dieta e diferentes formas de doença




Correspondência entre dieta e diferentes formas de doença
                                                                                                                                                         Noboru Muramoto

Teve a lepra sua causa determinada em 1873, ano em que o médico norueguês Gerhard H. A. Hausen (1841-1912) vinculou a doença ao bacilo mycobacterium leprae.
Quem contraísse a bactéria poderia desenvolver um entre dois tipos de lepra. O primeiro comunica ao padecente um aspecto horrendo, monstruoso, é como se o corpo entrasse a decompor-se. É o caso paradigmático da lepra.
O segundo tipo – também atribuído ao bacilo mycobacterium leprae – confere à vítima uma aparência já outra. Aqui a doença ataca principalmente o sistema nervoso. No primeiro estágio, regiões da pele são assaltadas por manchas brancas e perdem as reações aos estímulos físicos. Adiante o vitimado emagra e experimenta um inexcedível depauperamento, pois o conjunto de seus músculos, retraindo-se e atrofiando-se, não mais consegue exercer suas funções. Se o mal avança, danos nervosos mais sérios levam a deformidades. Contudo, este segundo tipo da doença não implica a letalidade nem a deformidade assustadora do primeiro.
Apresentam o mesmo comportamento da lepra a tuberculose e a peste.
Provocada pelo bacilo mycobacterium tuberculosis, ou bacilo de Koch, a tuberculose ora se manifesta como a doença clássica que arrebatou da vida uma legião de poetas românticos, ora como doença cutânea.
No primeiro caso, os sintomas iniciais são tosse frequente e febre pouco intensa no fim do dia. Com a evolução da doença, surgem a exaustão física, a transpiração noturna, a perda de peso, a eliminação de sangue e muco dos bronquíolos e, finalmente, o vômito de sangue dos pulmões.
A segunda forma de tuberculose – vinculada, tanto quanto a primeira, ao bacilo mycobacterium tuberculosis – não investe contra os pulmões apenas, senão contra os gânglios linfáticos, a genitália e os rins, e com mais frequência ataca a superfície da pele, colonizando-a com protuberâncias semelhantes a verrugas.
A peste, por sua vez, está relacionada ao bacilo yersinia pestis, descoberto em fins do século XIX. Também ela apresenta duas formas, ambas provocadas pelo mesmo micro-organismo yersinia pestis. Uma delas avança sobre os pulmões, preenchendo-o com fluidos mórbidos e enfim sangue, o que acarreta hemorragia nasal. Os que a contraem quase sempre morrem. Já o sintoma característico da segunda forma é o intumescimento dos gânglios linfáticos quer na região da virilha quer na região das axilas. Esta segunda forma nem sempre é fatal.
Como explicar a dupla manifestação da lepra, da tuberculose e da peste, se em cada um desses flagelos constata-se tão somente a presença de um único patógeno? É este grande enigma da medicina que Noboru Muramoto pretende desvendar. (N. do E.)

Podem-se classificar os alimentos em duas categorias: os do reino animal e seus derivados, e os do reino vegetal e seus derivados. (A uma terceira categoria corresponderiam os minerais, juntamente com a água e o sal – substâncias que, embora não sejam usualmente consideradas alimentos, deveriam sê-lo, assim como o ar que respiramos.) Quando ingerimos muito alimento do reino animal, geralmente na forma de carne, nosso organismo torna-se susceptível a uma forma piogênica de infecção, um tipo destrutivo de doença. Tal tipo surge habitualmente na pele (como resultado do mau funcionamento dos rins) e nas regiões inferiores do corpo, em geral na superfície. Esta classe de enfermidade atinge pessoas robustas e pode aparecer e desaparecer rapidamente. Sarcoma de Kaposi, lepra, tuberculose cutânea verrucosa e peste bubônica constituem exemplos de doenças destrutivas.
Durante o período da grande peste, habitantes dos países orientais morriam principalmente de peste pneumônica; naquela altura já eram eles consumidores de mel e açúcar. Quando ingerimos, em quantidade considerável, certos derivados de vegetais, geralmente na forma de refinados, tal como o açúcar, tornamo-nos mais susceptíveis a um tipo degenerativo de doença. Os distúrbios dessa espécie atacam principalmente as áreas superiores do corpo, os pulmões, o cérebro, o sistema nervoso, e em geral são mais internos e não se manifestam tanto na superfície quanto os de tipo destrutivo. Pneumocistose, lepra tuberculoide, tuberculose típica e peste pneumônica são exemplos de doenças associadas a pessoas que ingerem constantemente doces e álcool. Trata-se, grosso modo, de doenças que vitimam especialmente aqueles de constituição frágil, e cujo desenvolvimento e cura são lentos. Denomino-as doenças degenerativas.
Um terceiro tipo de enfermidade resulta da ingestão excessiva e costumeira de ambas as categorias de alimentos: carne e açúcar, por exemplo. Se ambos são ingeridos em pequenas quantidades, nosso organismo é capaz de neutralizar-lhes os efeitos. Mas, caso sejam consumidos em excesso, os produtos deletérios de cada um deles se acumularão, levando a um resultado manifestamente destrutivo, como a septicemia.
Na realidade as doenças são mais complicadas. Contudo, se as duas formas básicas de doença forem compreendidas, suas variações serão facilmente entendidas como combinações daqueles dois modelos fundamentais.
Padrões dietéticos extremos – muita carne ou muita sobremesa – desenvolvem excessos tóxicos que enfraquecem vários órgãos, arrastando-os para a degeneração e destruição, e impondo aos outros órgãos e sistemas uma tensão comprometedora.

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