quinta-feira, 21 de julho de 2011

Compressa de Gengibre (Parte Segunda)

Metamorfose 15
Publicação do Restaurante Metamorfose Alimentação Recondicionadora  Autêntica.
Rua Santa Luzia 405/207, Castelo, Rio de Janeiro. Tels.: 2262-6306 e 2532-0084.
Edição, redação, revisão e tradução: Laercio de Vita.



Conforme prometi, publico nesta edição a tradução do texto de  Kaare Bursell intitulado The Ginger Compress. Dada sua extensão, não foi possível, porém, disponibilizá-lo na íntegra numa única publicação: os itens Treatment Instructions, The Activity of the Ginger Compress, During the Treatments e Contra-Indications só serão veiculados na próxima edição.

Tendo em vista o desmembramento do texto, rogo aos leitores que aguardem a publicação da última parte para, aí sim, dar início ao tratamento.

 É imprescindível que leiam as Contraindicações antes de começar as aplicações.

Nesta versão da compressa de gengibre há detalhes que a personalizam. Alguns certamente estranharão as luvas de borracha e as toalhas costuradas, embora facilitem a autoaplicação.

Àqueles que pretendem cruzar a fronteira entre a teoria e a prática, deixo-lhes a sabedoria de um velho adágio japonês: “Só tropeçamos nas pequenas pedras, porque as grandes, avistamo-las logo.” (N. do E.)




                                            A Compressa de Gengibre     
           


Quando alguém é diagnosticado com Estagnação Intestinal Crônica, é natural que queira saber como pode ajudar seus intestinos a se curarem. É mais do que evidente que devemos começar pela mudança de nossos hábitos alimentares, adotando uma dieta baseada em cereais integrais cozidos e vegetais. Contudo, neste caso, mudar somente nossa alimentação não é o bastante.

É dado como certo, ao menos na literatura macrobiótica, que basta substituir carnes, ovos, laticínios, alimentos refinados e industrializados por cereais integrais cozidos e vegetais para ver restaurada nossa função intestinal. E de fato, em muitos casos, quando as pessoas se iniciam na Macrobiótica, uma das primeiras mudanças verificadas é a notável e por vezes surpreendente melhora do movimento peristáltico.

Mas o consumo isolado desses alimentos básicos revela-se impotente para eliminar o muco tóxico entranhado nas paredes intestinais. Na cultura moderna, com sua alimentação desvitalizante característica, não é raro encontrar indivíduos que sofrem, durante toda a vida, de Estagnação Intestinal Crônica. Com o passar dos anos, as paredes intestinais tornam-se cada vez mais obstruídas, cada vez mais congestionadas. Portanto, devemos fazer algo mais do que simplesmente mudar nossa alimentação se quisermos livrar do muco tóxico nossos intestinos.

Admito que não sou o primeiro na história da humanidade a reconhecer o intestino grosso como o órgão mais crítico quando o que está em jogo é uma verdadeira e profunda cura do corpo. Muitos tratamentos foram inventados no decorrer da história na tentativa de remover do intestino o material estagnado, incluindo enemas, colonterapia, tratamentos com argila, programas de limpeza do cólon com ervas e jejuns de vários tipos e modalidades. Nenhum deles, entretanto, consegue curar a Estagnação Intestinal Crônica. Muitos são difíceis de fazer, e alguns até prejudiciais. Acho, por exemplo, que a colonterapia enfraquece as paredes intestinais.

Esses tratamentos são efetivos na eliminação do muco alojado no lúmen ou cavidade dos intestinos. Obter-se-ia, contudo, o mesmo resultado se se adotasse um regime baseado em grãos integrais cozidos e vegetais, dado o alto teor de fibra desses alimentos.

O mais poderoso tratamento que conheço contra a Estagnação Intestinal Crônica conta provavelmente milhares de anos, e foi inventado talvez nos primórdios da história registrada. Também já ouvi que foi criado por um médico budista por volta de 500 aC. Não importa: ao sábio peregrino que primeiro surgiu com a ideia da Compressa de Gengibre, ofereço-lhe minhas preces de gratidão profunda.

Depois dessa longa mas necessária introdução, chegamos à razão de ser deste escrito.


   Itens requeridos para a Compressa

1-       Uma panela com tampa com 4 litros de água.
2-      Gengibre fresco com casca, ralado e envolvido num pano de algodão fino, ou outro tecido de fibra natural, para formar uma boneca. O tanto de gengibre que a palma de sua mão consegue abarcar é o suficiente.

3-      Duas toalhas de tecido natural grosso e aveludado com cerca de 30 cm de largura e 90 cm de comprimento. Podem usar-se também fraldas grossas de algodão.

4-      Uma toalha de banho de algodão.

5-      Um par de grossas luvas de borracha.


Preliminares

Pegue uma das toalhas de tecido natural grosso e aveludado e dobre-a duas vezes, dando-lhe a forma de um quadrado com 30 cm de lado. Com essa configuração, ela cobrirá toda a região de seu abdômen (que vai do esterno ao osso pélvico e de um quadril ao outro). Faça o mesmo com a outra toalha.

Após dobrar as toalhas, costure as bordas soltas de cada uma delas, de modo que as impeça de abrir quando estiver realizando o tratamento.

Deve aplicar-se a compressa com estômago vazio, uma hora antes ou duas horas depois das refeições, em qualquer período do dia. Um conselho prático, entretanto, é fazer o tratamento antes de dormir, e depois de fazê-lo, deixar todo o material na cozinha e ir para cama. Na manhã seguinte, antes do desjejum, esquente a água novamente, assegurando-se de que não alcance o ponto de ebulição, e faça outra aplicação. Assim, uma só panela com a boneca de gengibre ralado prestar-se-á para dois tratamentos.

Depois de aquecida, a água com gengibre reterá o calor por período suficiente para realizar duas, talvez três aplicações, antes de necessitar ser reaquecida. Se quiser assegurar-se de que a água permanecerá quente após tirar a panela do fogão, obtenha uma chapa elétrica. Isso permitirá transferir a panela para o local de aplicação, mantendo o seu conteúdo na temperatura ideal.


Instruções preliminares

Coloque a panela com água sobre a chama do fogão. Enquanto isso, rale a quantidade indicada de gengibre com casca (não use liquidificador, mas ralador!). O método mais indicado para não desperdiçar qualquer porção de gengibre é pôr o pano de algodão fino, que será usado para fazer a boneca, dentro de uma tigela e sobre ele ralar a raiz.

Com a quantidade suficiente de gengibre ralado, junte as quatro pontas do pano de algodão, torça-as e amarre-as com uma tira: você terá agora uma boneca de gengibre ralado. O sumo de gengibre que porventura tiver escapado escorrerá para o fundo do pote.

Neste momento, a água na panela estará perto do ponto de ebulição, se já o não tiver alcançado. Se for esse o caso, e isto é muito importante, desligue a chama e deixe a água parar de ferver, antes de introduzir na panela a boneca de gengibre. Não despreze o sumo que provavelmente passará através da boneca quando pegá-la, tendo o cuidado de derramá-lo na água quente. Se restar sumo de gengibre no fundo do pote sobre o qual foi ralado, acrescente-o também à água quente.

Introduza as duas toalhas dobradas e costuradas na panela com a água de gengibre e deixe-as ali permanecer por um ou dois minutos, cobrindo a panela com a tampa.

Você agora está pronto para fazer a compressa.

Coloque um velho cobertor ou lençol sobre onde quer que você tenha escolhido para fazer a compressa, e deposite ali, sobre jornais (não use jamais plástico), a panela com as toalhas de molho, de modo que o material fique próximo de onde você se deitará. Exponha o abdômen e deixe a toalha seca de algodão, também dobrada na medida para cobrir seu ventre, no seu colo.

Vestindo as luvas de borracha, remova a tampa da panela e pegue uma das toalhas. Torça-a, deixando escorrer o excesso de líquido na panela, e recoloque a tampa sobre ela a fim de manter a temperatura da água.

Com a toalha torcida nas mãos, abra-a e estique-a (ela permanecerá dobrada se você lhe tiver costurado as bordas). Deite-se e aproxime e afaste a toalha quente de seu abdômen. Repita esse processo algumas vezes, sem deixar que a toalha toque diretamente a pele, até que você se acostume com a temperatura e permita que ela permaneça em contato direto com seu abdômen. Feito isso, cubra, com a toalha de banho estendida sobre seu colo, a toalha quente, a fim de preservar-lhe o calor.

Passados de dois a cinco minutos, a toalha com a água de gengibre começará a esfriar. Levante então a toalha de banho, retire a que estava por baixo e retorne com a de banho para cobrir o abdômen e o manter aquecido.

Remova a tampa da panela e reintroduza a toalha usada e já fria para reaquecê-la. Retire a segunda toalha que permaneceu de molho enquanto você aplicava a primeira. Torça-a de maneira que o excesso de água de gengibre retorne para a panela, recoloque a tampa no lugar e repita todo o procedimento. Vá alternado as duas toalhas com água de gengibre quente até transcorrer meia hora. Considere isso uma sessão de tratamento.



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