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lguns pesquisadores afirmam
– e alguns sites repetem – que o bicarbonato de sódio pode curar o câncer e
outras doenças. A lógica por trás de tal afirmação resume-se ao seguinte: o
câncer é causado ou estimulado por um ambiente interno excessivamente ácido. O
bicarbonato de sódio é alcalinizante e ajuda a eliminar a acidez. Como a dieta
ocidental típica produz um ambiente interno ácido, soluções alcalinas podem
reverter esse quadro doentio.
Um dos princípios da macrobiótica ensina que a toda face
corresponde um dorso, e que quanto maior a face, maior o dorso. Tudo aquilo que
tem a capacidade de “curar” o câncer também tem a capacidade de produzir um
grande estrago. Isto é verdade tanto no que diz respeito à quimioterapia quanto
no diz respeito ao bicarbonato de sódio. Como acontece com qualquer
medicamento, é preciso pesar os prós e os contras. Neste artigo examinarei as
consequências internas do uso do bicarbonato de sódio.
Três das principais funções da vida são a respiração, o
batimento cardíaco e a manutenção do pH sanguíneo entre 7,35 e 7,45. Tenhamos
ou não consciência da respiração, o fato é que respiramos. Prestemos ou não
atenção ao batimento cardíaco, o fato é que o coração não
para de bater. Independentemente do que fazemos ou ingerimos, o organismo se
esforça por manter inalterável o pH do sangue.
Por outro lado, não é menos verdadeiro que podemos
aprimorar nossa saúde dirigindo nossa consciência para cada uma daquelas
funções vitais. Meditação diária, yoga ou outra prática relaxante que nos
permita concentrar na respiração, produzem um efeito alcalinizante. Quanto mais
saudável é a nossa condição cardiovascular, menos suscetíveis somos aos estados
ácidos. Adotar uma dieta que inclua ligeiramente mais alimentos alcalinizantes
do que alimentos acidificantes é um importante passo para aperfeiçoar nossa
saúde e alcançar a longevidade.
ALIMENTOS ACIDIFICANTES E ALIMENTOS
ALCALINIZANTES
Mais importante do que saber se um alimento é ácido ou
alcalino é saber se ele produz um efeito
ácido ou um efeito alcalino.
Quando chegam ao estômago, os alimentos encontram um pH
de aproximadamente 2,0. Este pH, 100 mil vezes mais ácido do que o pH neutro,
desempenha um papel fundamental na digestão dos alimentos. Só após deixarem o
estômago é que os alimentos apresentam efeitos ácidos ou alcalinos.
Alimentos ricos em proteína, gordura e carboidratos são
acidificantes. Alimentos ricos em minerais e vitaminas são alcalinizantes. Não
é difícil concluir, pois, que a típica refeição ocidental, composta de carne
vermelha, pouquíssimos vegetais, sobremesas e bebidas açucaradas, é fortemente
acidificante. Se ainda levarmos em conta que as pessoas praticam atividades
físicas sem se dedicarem suficientemente ao relaxamento e à respiração
profunda, compreenderemos facilmente a atração que sentem pela alcalinização
relâmpago. Há, entre os expedientes disponíveis para alcançar a alcalinização
instantânea, desde as caríssimas máquinas que tornam a água alcalina até o
relativamente barato bicarbonato de sódio.
ELEMENTOS
QUÍMICOS ALCALINIZANTES E EXCESSO DE ACIDEZ
Os quatro principais elementos químicos formadores de
alcalinidade são o sódio, o potássio, o cálcio e o magnésio. Esses elementos
formam bicarbonatos dentro do nosso corpo. Para manter estável o pH sanguíneo,
o corpo conta habitualmente com o trabalho dos rins. Em sua tarefa de filtrar o
sangue, os rins retêm ou excretam bicarbonato. Porém, se insistimos durante um
longo período numa dieta e num estilo de vida acidificantes, chegará o momento
em que o organismo se ressentirá da falta de bicarbonato. Então, outros
mecanismos de compensação serão acionados, e numa situação extrema o corpo não
hesitará em extrair de outras regiões os elementos alcalinos de que necessita,
tal como o cálcio dos ossos, dentes e outros tecidos.
Os primeiros sintomas do excesso de acidez são fadiga e
letargia mental, já que os processos orgânicos perdem eficiência ao terem que
lidar com tal desequilíbrio. Os sintomas subsequentes são problemas de pele e
problemas relacionados à micção: é que os rins, para livrarem o corpo do excesso
de acidez, o fazem através da pele e da urina. Alguém com osteoporose deveria
alcalinizar seu organismo o mais rápido possível, a fim de evitar que seus
ossos continuassem a perder cálcio em decorrência da grave acidificação.
Algumas pessoas, prisioneiras da dieta extremamente
acidificante que adotaram, preferem equilibrar o organismo ingerindo
bicarbonato de sódio ou água alcalinizada. Tais soluções raramente são
eficazes, pois o corpo se enfraquece quando tem de lidar com extremos
continuadamente. Além disso, ingerir bicarbonato de sódio durante mais de duas
semanas pode ser perigoso. Há ainda aqueles que escolhem usar bicarbonato de
sódio por um curto período para alcalinizar rapidamente, enquanto introduzem
algumas mudanças em sua alimentação.
USANDO
BICARBONATO DE SÓDIO INTERNAMENTE
Alguns sites que divulgam o bicarbonato de sódio como
solução para o câncer afirmam que se trata de uma alternativa cem por cento
segura e natural. Completamente oposta é a opinião do site WebMD, que
classifica o bicarbonato de sódio como droga e alerta para seus perigos e
possíveis efeitos colaterais. Segundo o mesmo site, os médicos prescrevem
bicarbonato de sódio em forma de pílulas principalmente como antiácido de ação
rápida contra azia, indigestão e dor de estômago. É somente utilizado para
alívio imediato durante no máximo duas semanas. Em nenhuma altura da página
WebMD há menção sobre o uso do bicarbonato de sódio em casos de câncer.
A seguir forneço uma lista de precauções e advertências que
devem ser levadas em conta quando se usa bicarbonato de sódio internamente.
1. Seja
muito cuidadoso com o consumo de sódio. De acordo com a Clínica Mayo, a dose
diária de sódio recomendada é no máximo 2,3 mg. Para os afrodescendentes
maiores de 51 anos, e para aqueles com pressão arterial elevada, diabetes ou
doença renal crônica, a dose diária cai para 1,5 mg. Uma colher de chá de sal
de cozinha contém 2,325 mg de sódio. Uma colher de chá de bicarbonato de sódio
contém em média 1,232 mg de sódio.
2. Não dê
bicarbonato de sódio a crianças menores de 5 anos nem o ingira se estiver
grávida ou amamentando sem antes consultar um médico ou um profissional da
saúde.
3. Consulte
um médico se qualquer efeito colateral aparecer. Alguns efeitos colaterais
frequentes são náuseas e inchaço no abdômen. Efeitos colaterais mais graves,
embora raros, incluem inchaço das mãos, tornozelos e pés, ganho inusitado de
peso, tonturas, dores musculares, espasmos, mudanças de comportamento (confusão
mental, irritabilidade, problemas de memória), vômitos, fraqueza, mudanças no
volume de urina, dor no peito, convulsões, alcalose, quantidade elevada de
cálcio no sangue e reação alérgica grave.
4. Não
ingira mais do que ½ colher de chá rasa de bicarbonato de sódio por vez ou mais
do que 3,5 colheres de chá por dia, ou ainda 1,5 colher de chá se já passou dos
60 anos. Note: 3,5 colheres de chá de bicarbonato de sódio contêm 4,312 mg de
sódio, ou seja, quantidade bem superior à permitida por dia.
5. Preste
atenção à advertência exibida na embalagem: “A fim de evitar lesões graves, só
ingira o produto após ele dissolver-se completamente na água. É muito
importante não fazer uso desta substância quando o aparelho digestivo
encontrar-se sobrecarregado de alimentos ou bebidas.” A introdução de uma
substância altamente alcalina como o bicarbonato de sódio no estômago pode
prejudicar o funcionamento normal dos seus ácidos. O corpo necessita tanto de
ácido como de alcalino, e quantidades exageradas de um deles interferirá
negativamente sobre nossa saúde, especialmente se tal desequilíbrio permanecer
durante longo período. O autotratamento do câncer e outras doenças graves nunca
é aconselhável. Você deve discutir o uso do bicarbonato de sódio com seu
médico, principalmente se estiver tomando medicamentos. Conscientize-se dos
perigos e dos possíveis efeitos colaterais do produto. Qualquer pessoa com
acidose (pH sanguíneo insistentemente abaixo de 7,35) ou alcalose (pH sanguíneo
continuamente acima de 7,45) deveria contatar um médico imediatamente, já que
tais estados são considerados graves e requerem um exame completo das
atividades orgânicas. Note: o único meio de testar o pH é num laboratório. O pH
da saliva e da urina varia enormemente e não é absolutamente um indicador do pH
do sangue.
COMBATENDO
A ACIDIFICAÇÃO
Há caminhos mais convenientes de combater a acidificação
do que a ingestão de bicarbonato de sódio. O primeiro deles é o uso de sal
marinho e de produtos que o contém em lugar do sal refinado. No sal marinho
encontram-se o cálcio, o potássio e o magnésio, além do sódio e muitos outros
minerais imprescindíveis à saúde.
Produtos entre cujos ingredientes está o sal marinho, como missô, shoyu
e umeboshi, são excelentes alcanilizadores. O outro caminho é analisar a dieta
do dia a dia, com o objetivo de eliminar os alimentos que provocam acidez.
Todos os alimentos ricos em proteínas provocam acidez;
alguns, porém, são menos acidificantes que outros. Uma maneira de alcalinizar
consiste em reduzir o consumo de alimentos fortemente acidificantes e aumentar
o de alimentos levemente acidificantes. Aqui está uma lista de alimentos
proteicos ordenados do mais para o menos acidificante: carne vermelha › aves ›
peixes › cereais integrais e feijões › leite e derivados › nozes e sementes ›
ovos caipiras. Uma dieta vegana (que exclui qualquer alimento de origem
animal), com consumo reduzido de açúcar refinado ou mesmo sua total exclusão,
constitui uma excelente opção para equilibrar o ácido e o alcalino.
Algas marinhas contêm muito minerais e são alimentos fortemente
alcalinizantes. Ingeri-las com regularidade é uma boa forma de alcalinizar,
assim como incluir mais verduras frescas nas refeições. A maioria das frutas
são alcalinizantes para as pessoas em boas condições de saúde, mas podem ser
acidificantes para as que sofrem de qualquer enfermidade. O açúcar refinado e
os alimentos açucarados são extremamente acidificantes, e devem ser evitados.
Malte de arroz integral ou de cevada são alternativas interessantes.
Em suma: utilizar sal marinho em vez de sal refinado,
comer mais vegetais e outros alimentos alcalinizantes, reduzir o consumo de
produtos extremamente acidificantes apresentam-se como alternativa mais natural
para combater a acidez excessiva do que o uso do bicarbonato de sódio ou outras
substâncias altamente alcalinas.