quarta-feira, 29 de junho de 2011

Compressa de Gengibre (Parte Primeira)

Metamorfose 14
Publicação do Restaurante Metamorfose Alimentação Recondicionadora Autêntica.
Rua Santa Luzia 405/207, Castelo, Rio de Janeiro. Tels.: 2262-6306 e 2532-0084.
 Edição, redação, revisão e tradução:  Laercio de Vita.





Veio-me ao conhecimento o livro de Kaare Bursell, The End of Medicine, graças ao comentário que sobre ele fez Julia Ferré na Macrobiotics Today de setembro/outubro de 2009. Segundo Julia, encontram-se no livro sugestões para estimular o corpo a curar-se a si próprio. Em particular, expõe por que e como aplicar a compressa de gengibre sobre o abdômen.

A fiarmo-nos em Julia, Kaare renova e expande a compreensão que temos dessa antiga técnica. A comentadora, ainda que usuária de longa data da compressa, não hesita em declarar: “Após ler o livro, disponho de outra visão sobre a validade desse tratamento”.

Lê-se no comentário que a principal ideia da obra é que o corpo detém a sabedoria necessária para curar-se. Caso as condições fundamentais estejam presentes, a cura pode, irradiando-se, transcender o próprio corpo e alcançar o espírito. Dieta e compressa – a primeira proporcionando os nutrientes adequados e a segunda dissolvendo a estagnação no intestino delgado – formam o substratum que permitirá não só ao corpo, mas também à mente e ao espírito renovarem-se.

Nos círculos esotéricos não é nova a noção de  que   corpo  e  espírito  constituem   uma unidade. Há entre eles como que uma relação especular: o que acontece num desses reinos reflete simultaneamente no outro.

Kaare, ledor entusiasmado de Rudolph Steiner, trouxe para a Macrobiótica os conhecimentos que hauriu nas obras do fundador da Antroposofia. E o resultado é surpreendente e algo assustador: se, por exemplo, nosso espírito se encontra preso a experiências do passado e não consegue libertar-se para o novo, a causa pode estar no mais profundo do nosso corpo, ou seja, na sujidade presa no interior de nossos intestinos.

Por tratar de enfoque tão inovador nos meios macrobióticos, o comentário de Julia obteve a merecida repercussão. Na edição seguinte de Macrobiotics Today, correspondente ao último bimestre de 2009, entre tantos artigos que nada acrescentam, a carta de uma leitora se faz ouvir. Relata-nos ela sua experiência com o método preconizado por Kaare. Dada a importância desse relato, resolvi traduzi-lo e publicá-lo. Prometo para a próxima edição a tradução do trecho do livro de Kaare dedicado à sua recriação da compressa de gengibre. Até lá!  (N. do E.)
                       





Carta de Isabel Carrasco ao editor da Macrobiotics Today, Carl Ferré, em que relata sua experiência com a Compressa de Gengibre.




Prezado Carl,

Obrigada pela resenha de Julia sobre o livro The End of  Medicine de Kaare Bursell e pelo trecho da mesma obra publicados na edição de setembro/outubro de 2009 da Macrobiotics Today.

O poder da compressa de gengibre é de fato assombroso. Aprendi a aplicá-la com Nini Koshen no Kushi Institute da Holanda – um dos poucos lugares que conheço onde a ensinam sistematicamente.

Fiquei tão impressionada com seus efeitos, que saí em busca de mais informações. Pesquisando, descobri o site www.thealchemistpages.com, mantido por Kaare Bursell. Kaare recomenda aplicar uma série de 64 compressas de gengibre sobre o abdômen. Com esse método, afirma, consegue-se livrar-se da Estagnação Intestinal Crônica que a todos afeta.

Venho ingerindo grãos e vegetais há mais de quinze anos: evidentemente não sou uma candidata à Estagnação Intestinal Crônica, certo? Errado! De acordo com Kaare, experimentamos uma melhora tão considerável do movimento intestinal após iniciar a dieta macrobiótica, que equivocadamente pensamos que tudo corre às mil maravilhas; entretanto, movimentos regulares dos intestinos não significam obrigatoriamente intestinos livres de estagnação.

Tendo de reconhecer que a certa altura minha prática já não progredia a contento, decidi dar início às compressas.

Depois de aplicar algumas compressas sobre o abdômen, senti uma vontade irresistível de  limpar  a  casa. Não qualquer limpeza, veja  bem, mas uma limpeza profunda.   Comecei a esvaziar os armários e  a desvencilhar-me  dos  velhos objetos ou daquilo de que já não necessitava. Já havia tentado algo semelhante antes, mas sempre encontrava desculpas para manter a quinquilharia a salvo. Mas dessa vez consegui livrar-me dos objetos facilmente: de repente senti-me pronta para renunciar a antigas possessões, tais como livros, roupas, sapatos e equipamentos de cozinha que já não me eram úteis. Seria toda essa limpeza exterior uma metáfora da limpeza do muco tóxico que se estava processando no interior de meus intestinos?

Embora satisfeita, continuei fazendo as compressas: se nada mais conseguisse, no mínimo já podia contar com uma casa mais limpa e organizada. Foi então que passei a sonhar com eventos pretéritos carregados de emoções – e os sonhos eram extremamente reais. Em seu livro, Kaare observa que os eventos profundamente dolorosos ficam de fato gravados ou “impressos” no material estagnado, e que este material atua como um médium no qual os eventos em questão são holograficamente impressos. Quem sabe os sonhos não significavam que a estagnação estava se desalojando e deixando finalmente meu corpo.

Ainda tenho feito compressas, e a última coisa que experimentei foi a melhora milagrosa de minha visão. Uso óculos há anos, de modo que tirá-los era como despir-me, ou seja, algo que não faria em público. Mas agora, inesperadamente, sinto cada vez menos necessidade deles.

The End of Medicine é, na minha opinião,  um dos mais importantes livros já escritos sobre Macrobiótica. Seriam as compressas de gengibre sobre o abdômen o estímulo de que o movimento macrobiótico tanto precisa? Experimentemo-las!




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